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Defesa da democracia será tema central na Cúpula das Américas, diz organizadora

Por Folha de São Paulo

24/05/2022 19h37 — em
Mundo



WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - A Cúpula das Américas terá cinco assuntos prioritários, mas a defesa da democracia deverá ser o principal, disse Debbie Mucarsel-Powell, conselheira especial para o evento. Ela afirmou também que o encontro será usado para debater o combate à desinformação e estimular o avanço de tecnologias como o 5G.

Organizado pelos Estados Unidos, o encontro deve reunir líderes do continente em Los Angeles no começo de junho. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), ainda não confirmou presença, e nesta terça (24) um enviado de Joe Biden esteve em Brasília para reforçar o convite, oferecendo a possibilidade de uma reunião bilateral entre os líderes.

"A cúpula vai perseguir uma agenda regional centrada em nosso apoio compartilhado à democracia e aos direitos humanos", afirmou Powell, em um debate realizado pelo centro de estudos Atlantic Council.

"Estou buscando garantir que a cúpula mantenha o foco em proteger a democracia e na governança democrática. Não seremos capazes de atingir as metas se não tivermos confiança em nossas instituições."

A conselheira afirmou que os principais temas do evento, além da proteção à democracia, serão aumentar a resiliência contra pandemias, construir um futuro verde, estimular o uso de energias limpas e acelerar a transformação digital no continente. Há a expectativa de que os participantes sejam instados a assumir novos compromissos nessas áreas.

Powell, 51, é filiada ao Partido Democrata e foi deputada pela Flórida (2019-21). Ela também disse que a cúpula terá debates sobre como combater a desinformação nas redes sociais e discutirá meios de aumentar o acesso das pessoas mais pobres a novas tecnologias, garantindo a segurança dos dados —em uma crítica indireta à presença da China nesse mercado.

"Temos visto um crescimento do comércio online, do empreendedorismo e de negócios inovadores. Mas não podemos fazer isso sem realmente olhar sobre os efeitos na democracia e na segurança. Os governos da região precisam ter certeza de que os equipamentos e softwares de 5G não vão introduzir riscos que podem ameaçar a segurança nacional", afirmou.

A China é um grande fornecedor de tecnologias de conexão 5G e busca fechar negócios com países do continente, enquanto os EUA, há alguns anos, pressionam os governos da região a não adotar equipamentos de Pequim.

A conselheira contou ainda que os organizadores estão conversando por WhatsApp com cerca de 250 representantes da oposição de Cuba, Venezuela e Nicarágua —com parte dos debates ocorrendo por meio de mensagens de áudio. "O único acesso que eles têm para se conectar aos outros fora de Cuba ou da Venezuela é por meio desse tipo de tecnologia."

Os regimes desses três países não foram convidados para o encontro, pois as ditaduras são consideradas párias pelos EUA. Em resposta ao veto, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que faltaria ao evento —o enviado que se encontrou com Bolsonaro nesta terça também esteve com AMLO.

Nas últimas semanas, os EUA fizeram algumas concessões, como a retirada de medidas impostas durante o governo Trump a remessas de dinheiro e viagens a Cuba. Na prática, as novas determinações facilitam, entre outros pontos, o envio de dólares de cubanos que moram nos EUA para familiares na ilha.

Já o alívio das sanções contra a ditadura de Nicolás Maduro deve permitir que a estatal petrolífera PDVSA realize negócios antes proibidos.

O governo americano está preocupado com um possível esvaziamento do encontro, idealizado pela Casa Branca como uma tentativa de retomar o protagonismo na região. Realizar o encontro nos EUA sem os governantes das duas maiores economias da região seria considerado um fiasco diplomático.


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