Corpos da família Bibas serão devolvidos em nova troca de reféns, diz Hamas
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O líder do Hamas, Khalil al-Hayya, afirmou nesta terça-feira (18), em um discurso televisionado, que os corpos da família Bibas serão devolvidos na sétima troca de reféns por prisioneiros palestinos do cessar-fogo que, em janeiro, interrompeu 15 meses de guerra na Faixa de Gaza.
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, confirmou que Tel Aviv alcançou um acordo com o Hamas no Cairo para antecipar a libertação, mas não citou a identidade dos sequestrados.
Segundo o comunicado, quatro corpos de reféns mortos serão entregues nesta quinta (20), seguidos por mais quatro na próxima semana. Outros seis sequestrados vivos também serão libertados inicialmente, a ideia era devolver apenas três reféns nesta etapa.
Caso o Hamas cumpra o que foi anunciado, 33 reféns, entre vivos e mortos, terão sido libertados até a semana que vem número previsto para a primeira fase do acordo, que vai até o dia 1º de março. Em troca, mais de 1.900 palestinos detidos em Israel devem ser libertados ao todo.
Até a semana passada, havia 17 reféns em Gaza que deveriam ser soltos nesta etapa inicial, dos quais dois sequestrados no conflito entre Hamas e Israel em 2014. Desses 17, três foram libertados no último sábado (15), restando assim 14 em cativeiro número correspondente ao que será devolvido até a próxima semana, entre vivos e mortos.
A família Bibas ganhou atenção ao longo do conflito por incluir os mais jovens sequestrados pelo Hamas durante os ataques terroristas no sul de Israel em outubro de 2023, que desencadeaream a guerra Kfir e Ariel Bibas tinham respectivamente oito meses e meio e quatro anos de idade à época do atentado.
Em novembro de 2023, a facção afirmou que ambas as crianças e a mãe delas, Shiri, 32, haviam sido mortas por um bombardeio de Tel Aviv em Gaza. Na época, o Exército de Israel disse que verificaria a informação, mas nunca a confirmou nem negou. O pai das crianças, Yarden Bibas, 35, foi feito refém separadamente e libertado no último dia 1º.
No fim de janeiro, em um dos comentários oficiais mais diretos sobre a família, o porta-voz das Forças Armada, Daniel Hagari, expressou "sérias preocupações quanto ao destino deles". O anúncio da devolução, portanto, confirmaria que a família morreu em cativeiro.
Pouco antes do anúncio desta terça do grupo terrorista, funcionários israelenses haviam dito à AFP que continuavam os esforços para liberar um número maior de reféns em relação ao previsto no acordo de cessar-fogo.
As seis primeiras trocas permitiram a libertação de 19 sequestrados e, do outro lado, de mais de mil detidos palestinos. Israel indicou nesta terça que as negociações para a segunda fase do cessar-fogo serão iniciadas nesta semana, com mais de 15 dias de atraso.
Elas deveriam ter começado em 4 de fevereiro, mas o Qatar um dos mediadores do acordo, junto com o Egito e os Estados Unidos disse que as conversas ainda não haviam se desenrolado.
Israel havia dado sinais ambíguos nas últimas semanas sobre seu envolvimento nas negociações para a próxima etapa do cessar-fogo de três fases. O objetivo é encerrar permanentemente a guerra em Gaza.
A fase inicial, que inclui uma trégua de 42 dias, vem se mantendo apesar de uma série de contratempos e acusações de violações mútuas. As negociações sobre a segunda fase, por sua vez, destinadas a garantir a libertação dos 64 reféns restantes (entre vivos e mortos), devem ser mais difíceis, pois incluem questões como a gestão de Gaza no pós-guerra, onde há grandes divergências entre as partes.
"Não aceitaremos a presença contínua do Hamas ou de qualquer outra organização terrorista em Gaza", disse Gideon Saar, ministro de Relações Exteriores de Israel. "Se virmos que há um diálogo construtivo com um possível horizonte de chegar a um acordo, então faremos com que esse prazo funcione por mais tempo."
De acordo com um funcionário israelense, Tel Aviv começará a permitir a entrada de casas móveis para os moradores de Gaza, forçados a se abrigar do frio entre as ruínas deixadas pelos 15 meses de bombardeios israelenses. O Hamas acusa Israel de atrasar a entrega e, na semana passada, ameaçou adiar a libertação de reféns até que a questão fosse resolvida.

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