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Conheça o 'tanque voador' que os EUA usam no Caribe

Por Folha de São Paulo

11/11/2025 14h30 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A mobilização militar de Donald Trump no Caribe, algo que não era visto havia três décadas na região, ganhou um componente novo e letal: o AC-130J Ghostrider, um verdadeiro "tanque voador" operado pelo Comando de Operações Especiais da Força Aérea dos Estados Unidos.

Após ser avistado no fim de outubro na base reativada por Trump em Porto Rico, o aparelho também está baseado numa pequena base operada desde 2000 pelos americanos no aeroporto internacional de San Salvador, capital de El Salvador, país cujo polêmico presidente Nayib Bukele é um dos mais aguerridos aliados de Trump no continente.

Ele foi fotografado pela ONG americana Sociedade Histórica de Aviação Latino-Americana no local, aberto para apoiar voos de reconhecimento de ações contra traficantes, sendo tema de reportagem do jornal New York Times na semana passada.

No domingo (9), tudo indica que foi usado no ataque a duas embarcações no Pacífico. Ao todo, a campanha americana já matou ao menos 75 pessoas. O Pentágono não divulga qual tipo de ativos são usados na campanha: drones armados com mísseis AGM-114 Hellfire, o Ghostrider, ambos ou outros.

No caso do avião em El Salvador, a mídia americana só arrancou informações extraoficiais dos militares, confirmando que ele está em uso nas ações vistas como um cerco para derrubar a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.

O Ghostrider foi fotografado ao lado do P-8A Poseidon, o avião de patrulha marítima mais avançado do mundo, capaz de mapear grandes áreas e encontrar alvos minúsculos —e daí direcionar um modelo de combate para ataque de precisão.

Há também um companheiro misterioso da dupla: um C-40 Clipper, versão militar do Boeing 737-800, sem marcações oficiais. O avião tem voado junto ao P-8, sem uma função clara.

Mas quem chama atenção no pacote é o Ghostrider, uma versão modificada do C-130 Hércules, o quadrimotor turboélice de transporte militar mais famoso do mundo, no ar desde os anos 1950.

Apesar de ser homônimo do personagem dos quadrinhos Motoqueiro Fantasma, o avião, que pode ser traduzido como Cavaleiro Fantasma, é parte de uma outra tradição da Força Aérea: a de dar nomes assustadores aos "tanques voadores" —dos quais o modelo atual é a quinta geração de Hércules armados.

O programa com o C-130 começou em 1968 para dar apoio a tropas em solo no Vietnã, com o AC-130A Spooky (Assustador). Ele substituiu o primeiro dos "tanques", uma versão do antigo DC-3 armada de 1963.

Os modelos viram ação desde então, com destaque para o Spectre (Espectro) no combate ao Talibã que por fim voltou ao poder no Afeganistão em 2021.

O Ghostrider foi desenvolvido a partir de 2012 e foi introduzido em 2019. Ao todo, os EUA operam 37 dessas aeronaves, a um custo unitário de US$ 165 milhões (R$ 875 milhões hoje).

Ele tem designadores de alvo ópticos e infravermelhos. Voando a baixa altitude e velocidades reduzidas, ele usa seis militares além dos dois pilotos para operar seus armamentos contra alvos no solo ou no mar.

Tipicamente, emprega mísseis Hellfire ou AGM-176 Griffin ou diversos modelos de bombas guiadas. Mas seu real diferencial são os canhões: há um modelo de 30 mm, já bastante potente, e outro com inacreditáveis 105 mm.

É arma do calibre de um canhão naval leve ou de um obuseiro para uso de forças terrestres, só que voando. O estrago relatado nas ações no Afeganistão era devastador, com acampamentos talibãs inteiros sendo obliterados.

No caso do ataque de domingo, as imagens do Pentágono sugerem que foi empregado um míssil da classe do Hellfire, o que parece fazer mais sentido do que disparos colossais. Na hipótese de Trump ir atrás de alvos terrestres, contudo, a coisa muda de figura.

O Ghostrider se une a outros P-8, caças F-35, um grupo expedicionário de fuzileiros navais, navios e submarino na região. Ainda é incerto quando chegará o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, que está na área sob o Comando Sul dos EUA —basicamente a partir da metade do caminho desde a África.


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