O Chile realizou neste domingo (16) o primeiro turno das eleições presidenciais, em um contexto de crescente preocupação com a criminalidade e a imigração. Apesar da candidata de esquerda Jeannette Jara, ex-ministra e apoiada pelo presidente Gabriel Boric, liderar as pesquisas com cerca de 30% das intenções de voto, os levantamentos indicam que a direita deve vencer no segundo turno, marcado para 14 de dezembro.

A situação política chilena mudou significativamente desde 2021, quando a esquerda venceu impulsionada por protestos contra a desigualdade e a expectativa de uma nova Constituição. Atualmente, a criminalidade, que dobrou em uma década, tornou-se a principal preocupação dos eleitores, superando temas como economia, saúde e educação. Casos de homicídios e sequestros atingiram níveis recordes, e a imigração de venezuelanos também gerou debates acalorados sobre segurança e integração social.

Entre os candidatos da direita, José Antonio Kast defende medidas rigorosas de controle migratório, incluindo a expulsão de imigrantes sem documentação e a construção do “Escudo da Fronteira”, com muros e cercas elétricas. Já Jara aposta no combate ao crime organizado por meio do rastreamento financeiro e da revogação de sigilo bancário de suspeitos, além de propostas sociais como aumento do salário mínimo e criação da Empresa Nacional de Lítio, estratégica para a economia chilena.

Especialistas alertam que a violência não é causada apenas por grupos transnacionais, como a gangue venezuelana Tren de Aragua, mas também por organizações locais. Para conter a criminalidade, o governo chileno aumentou o orçamento da polícia, criou forças-tarefa e mobilizou militares nas fronteiras. Ainda assim, o tema domina o debate eleitoral, e o resultado do primeiro turno sinaliza um cenário de virada política, com a direita em vantagem para o pleito de dezembro.