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Chefe da diplomacia dos EUA assume agência para ajuda externa atacada por Musk

Por Folha de São Paulo

03/02/2025 17h15 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou nesta segunda-feira (3) que assumiu o papel de administrador interino da Usaid, agência federal para o desenvolvimento internacional. A declaração foi feita em San Salvador, capital de El Salvador, segunda parada da viagem do chefe da diplomacia americana pela América Latina.

A Usaid financia atividades de organizações humanitárias de todo o mundo, inclusive brasileiras. Ela recentemente entrou na mira do bilionário Elon Musk e do órgão que lidera, o Doge (Departamento de Eficiência Governamental, na sigla em inglês) —no domingo, o bilionário chamou a agência de uma "organização criminosa", e nesta segunda, afirmou ter autorização do presidente Donald Trump para fechá-la.

"É hora de ela morrer", escreveu Musk em uma das muitas publicações que compartilhou sobre a Usaid no X. O bilionário, uma das pessoas mais influentes no novo governo Trump, fez acusações disfarçadas de perguntas nas suas postagens: "Sabiam que a Usaid, usando seus impostos, financiou pesquisas de armas biológicas, incluindo a Covid-19, que matou milhões de pessoas?", questionou, sem apresentar evidências.

Os limites da atuação do Doge são incertos, o que lança dúvidas sobre a validade das declarações de Musk. O empresário disse na segunda que o fechamento da Usaid foi aprovado por Trump em um evento transmitido no X. "Eu conversei com ele em detalhes, e ele concordou que deveríamos encerrar [o programa]", afirmou. "Então, estamos encerrando."

Trump não comentou a afirmação, mas disse na segunda que Musk não fará nada sem a aprovação da Casa Branca.

Na véspera, o republicano tinha dito a jornalistas que a agência era administrada por "lunáticos radicais". No entanto, tergiversou ao falar sobre o fechamento dela. "Vamos tirá-los de lá e depois tomaremos uma decisão."

Ao anunciar que está tomando controle da Usaid, Rubio disse a jornalistas que alguns dos programas da agência são valiosos e devem ser mantidos, mas culpou os servidores do órgão pela crise atual, dizendo que eles "não cooperaram com perguntas legítimas" do governo Trump sobre suas atividades.

Ainda no encontro com a imprensa, o secretário de Estado americano comemorou a decisão do Panamá de deixar expirar sua participação na Iniciativa Cinturão e Rota, plano global de infraestrutura da China. Segundo Rubio, a medida será "um grande passo à frente" para os laços do país latino-americano com os EUA. Washington argumenta que Pequim usa o esquema para promover uma "diplomacia da armadilha da dívida" com o objetivo de consolidar sua influência global.

Rubio fez esta semana sua primeira viagem ao exterior como principal diplomata americano ao Panamá, um parceiro próximo dos EUA na América Latina. Fazendo coro às recentes falas do presidente Donald Trump, Rubio pressionou o país sobre seus laços com a China.

Após conversas com Rubio, o presidente do Panamá, José Raul Mulino, disse que o amplo acordo de seu país para contribuir com a iniciativa chinesa não será renovado e pode ser rescindido antecipadamente. Ele disse que o acordo expiraria em dois ou três anos, sem dar mais detalhes.

O Panamá foi o primeiro país latino-americano a endossar oficialmente a iniciativa chinesa em novembro de 2017, cinco meses depois de trocar Taiwan, a ilha democraticamente governada que Pequim reivindica como seu território, por laços diplomáticos com a China.

O governo de Xi rejeita as críticas ocidentais ao plano, dizendo que mais de cem países aderiram a ele, impulsionando o desenvolvimento global com novos portos, pontes, ferrovias e outros projetos internacionais.

No entanto, a iniciativa é envolvida em controvérsia, com algumas nações parceiras lamentando o alto custo dos projetos e lutando para pagar empréstimos. A Itália retirou-se da iniciativa em 2023 sob pressão dos EUA sobre preocupações com o alcance econômico de Pequim.

Essas preocupações dos EUA há muito se estendem às operações de algumas empresas chinesas perto do Canal do Panamá, incluindo uma empresa sediada em Hong Kong que opera dois portos em ambas as entradas da hidrovia —construídos pelos EUA no início do século 20 e entregues ao Panamá em 1999. Duas empresas estatais chinesas estão construindo separadamente uma quarta ponte sobre uma das entradas do canal.

Mulino sinalizou a disposição de revisar uma concessão importante de 25 anos para a CK Hutchison Holdings, sediada em Hong Kong, renovada em 2021 para a operação de portos em ambas as entradas do canal, enquanto se aguarda os resultados de uma auditoria.

O contrato foi alvo de legisladores e do governo dos EUA como um exemplo da expansão da China no Panamá, o que eles alegam ir contra um tratado de neutralidade assinado por ambos os países em 1977. O Panamá, no entanto, reiterou repetidamente que mantém sua soberania sobre a segunda hidrovia mais movimentada do mundo.


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