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Brasil volta ao Conselho de Segurança da ONU após 10 anos

Por Folha de São Paulo

11/06/2021 14h36 — em
Mundo



RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Com votação expressiva, o Brasil voltou, nesta sexta-feira (11), a ser membro rotativo do Conselho de Segurança da ONU. De acordo com os resultados da votação publicados por Volkan Bozkir, presidente da 75ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, a candidatura brasileira ao posto na entidade responsável por zelar pela paz no mundo obteve 181 votos entre os 193 possíveis.

"A eleição demonstra amplo reconhecimento da contribuição brasileira para os temas de paz e segurança internacionais", escreveu o Ministério das Relações Exteriores do Brasil em uma publicação em redes sociais.

Em nota enviada à imprensa, o Itamaraty afirmou que "o Brasil buscará traduzir em contribuições tangíveis a defesa da paz e da solução pacífica das controvérsias" e que, no Conselho, pretende "fortalecer as missões de paz da ONU e defender os mandatos que corroborem a interdependência entre segurança e desenvolvimento."

A pasta afirma ainda que o país "estará em posição privilegiada para atestar seu compromisso com a reforma" da entidade. Ao lado de Índia, Alemanha e Japão, o Brasil forma o chamado G4, grupo que pleiteia também uma vaga como membro permanente —mas sem poder de veto— no Conselho de Segurança.

A inclusão de integrantes fixos, porém, depende de uma reforma no sistema que não tem perspectiva de acontecer —uma das principais oposições vem da China— e que será uma das prioridades brasileiras durante o mandato.

Além do Brasil, também foram eleitos como membros rotativos no Conselho Albânia, Emirados Árabes Unidos, Gabão e Gana. Os países eleitos substituirão Estônia, Níger, São Vicente e Granadinas, Tunísia e Vietnã.

O Conselho de Segurança é composto por cinco membros permanentes com direito a veto —Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França— e por dez integrantes rotativos, eleitos para mandatos de dois anos cada um. Para a vitória, eram necessários os apoios de dois terços dos Estados-membros votantes.

Apesar da campanha pela vaga ter sido feita sob o desgaste da imagem de Jair Bolsonaro no exterior, a conquista do posto no conselho já era esperada. A votação expressiva, no entanto, superou as expectativas de parte dos diplomatas, que temiam que um possível impacto negativo se traduzisse em maior perda de prestígio por meio de menos votos dos países-membros.

Agora, o Brasil ficará no posto rotativo do Conselho de Segurança de janeiro de 2022 a dezembro de 2023. Como a presidência da entidade também é rotativa —os países se revezam mensalmente, por ordem alfabética—, é muito provável que o Brasil assuma o comando da instância mais importante da ONU ao menos uma vez até o fim de seu mandato.

As vagas no conselho são definidas por áreas geográficas. Entre os países da América Latina e Caribe há uma tradição, desde 2006, de não haver competição de candidaturas e, dessa forma, organiza-se um rodízio de países em uma lista montada com anos de antecedência.

Em 2019, El Salvador quebrou o pacto e tentou lançar uma candidatura alternativa à de São Vicente e Granadinas, mas teve apenas seis votos, contra 185 obtidos pela ilha caribenha.

A última vez que o Brasil participou do Conselho de Segurança como membro rotativo foi em 2011, durante o governo Dilma Rousseff. A próxima candidatura brasileira estava marcada somente para 2033, mas, para não ficar mais de duas décadas fora do órgão, o Brasil negociou uma troca com Honduras, que seria a candidata natural deste ano. O acordo foi fechado em 2018, pelo governo Michel Temer.

Hoje, México e São Vicente e Granadinas são os atuais membros rotativos do conselho para América Latina e Caribe. Agora, o Brasil ocupará o posto ao lado do México e, no ano que vem, o Equador entrará no lugar dos mexicanos, se não houver nenhum imprevisto.


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