Ataque de Israel mata 15 que aguardavam por ajuda em Gaza, diz Defesa Civil
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Novos ataques das Forças de Israel na Faixa de Gaza mataram nesta quinta-feira (19) ao menos 25 pessoas. Entre elas, estavam 15 que aguardavam pela distribuição de alimentos próximas a um centro de ajuda na região central de Gaza, segundo a Defesa Civil do território.
Um dos ataques ocorreu próximo a um ponto de distribuição da Fundação Humanitária de Gaza. A GHF é operada por EUA e Israel, no chamado corredor Netzarim, que liga o sul ao norte de Gaza. Segundo informado à agência de notícias AFP, pelo porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mohamed al Mughayyir, grupos de palestinos que aguardavam para receber alimentos no local foram surpreendidos com tiros disparados de tanques e drones israelenses.
Além dos 15 mortos, 60 pessoas que estavam próximas ao centro ficaram feridas. No local, segundo Mughayyir, milhares de pessoas se reúnem diariamente para tentar receber mantimentos distribuídos pela GHF.
O que diz Israel: procurado pela AFP na manhã desta quinta-feira (19), o Exército de Israel afirmou que estava "analisando" o ocorrido.
"Eles começaram a disparar e os tiros se intensificaram vindo de tanques e drones", relatou uma testemunha. À AFP, o palestino Bassam Abu Shaar afirmou que milhares de pessoas passavam a noite desta quarta-feira (18) acampadas próximas ao ponto de distribuição da GHF, que abriria na manhã desta quinta-feira (19), quando foram atacadas por volta da 1 da manhã no horário local (19 horas em Brasília).
"Não conseguimos ajudá-los e muitos não puderam escapar", disse Bassam. Ele afirmou ainda que o tamanho da multidão presente no local durante os ataques impossibilitou a fuga de muitos palestinos e que dezenas de mortos e feridos foram deixados no chão, a uma curta distância do centro da GHF. Já o porta-voz da Defesa Civil informou que, posteriormente, as vítimas foram levadas a hospitais ao norte e centro de Gaza.
Em outras regiões de Gaza, mais 10 pessoas foram mortas nesta quinta-feira (19) em ataques israelenses, ainda segundo a Defesa Civil palestina. Três mortes ocorreram em um prédio residencial na cidade de Gaza e outras sete no campo de refugiados de Al-Shati, a oeste do município.
No último mês, centenas de pessoas foram mortas e feridas por disparos do Exército Israelense próximos a locais de distribuição de ajuda, segundo autoridades palestinas e organizações internacionais como a Cruz Vermelha. Já Israel tem anunciado a morte de líderes e aliados do Hamas, e negado os ataques contra civis.
O que é a GHF: recém-criada, a Fundação Humanitária de Gaza, que distribui alimentos no sul de Gaza, é operada por grupo privado que paga a empreiteiros norte-americanos para entregar mantimentos em áreas ocupadas por Israel na região. A entidade começou a operar no fim de maio com apenas quatro pontos de distribuição, com quantidades de alimento consideradas insuficientes para suprir a escassez no território, que passou por um bloqueio de quase três meses imposto por Israel. Sob o sistema de distribuição anterior, coordenado pela ONU, havia cerca de 400 pontos.
À sombra do conflito entre Israel e Irã, mortes em Gaza se avolumam, conforme relatam médicos de Gaza. Enquanto as atenções pelo mundo se voltam aos ataques entre as forças israelenses e iranianas na última semana, médicos do enclave palestino relatam que dezenas de civis seguem sendo mortos enquanto buscam ajuda humanitária.

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