Artigo: Trump no debate? Um começo bom e, então, terríveis erros
Quando o debate presidencial final entre Hillary Clinton e Donald Trump começou, parecia que ia ser o melhor dos três e, certamente, o melhor de Trump. No final, ele foi a história de Trump na campanha de 2016 em microcosmo: uma série de trocas de acusações, interrupções e insultos que minaram a vantagem que o republicano poderia ter conseguido mais cedo.
Nos minutos iniciais, Trump parecia um candidato diferente do Trump dos dois primeiros debates e do Trump livre de algemas da campanha eleitoral. Ele foi mais moderado, mais focado em política e mais eficaz em defender-se da sua adversária. Parecia ter disciplinado seus piores instintos.
Mas isso foi só por um tempo. Em seguida, ele se tornou o Trump de campanha, irritado quando criticado e nada disposto a aceitar a avaliação da comunidade de Inteligência sobre a interferência russa na eleição, negando as acusações de nove mulheres que disseram que ele as tinha bolinado ou beijado contra a sua vontade e repetidamente atacando sua rival.
Por fim, era o Trump que nos últimos dias veio protestando contra um sistema de eleição fraudada. Perguntado diretamente pelo moderador Chris Wallace, da Fox News, se, caso perdesse, iria aceitar o resultado da eleição como legítimo, ele se esquivou. Disse que ia decidir na hora, que iria “mantê-lo em suspense”. Foi um grande erro. No entanto, Trump parecia nem se importar.
Nesse sentido, este debate era o que se esperava, uma repetição do que veio antes. A chance é a de que ele não altere a trajetória da campanha, o que deixa Trump em posição perigosa.
Hillary chegou ao último debate liderando as pesquisas e buscando expandir seu mapa eleitoral. No entanto, os 90 minutos não foram nenhuma moleza. Ela não apenas levou fogo de Trump, como ainda teve que responder perguntas difíceis de Wallace sobre questões que tinham sido abordadas de leve nos dois primeiros debates.
Foi notável a forma como os candidatos debateram seriamente algumas questões e, logo em seguida, foram tão pessoais em seus ataques, como quando Trump, perto da fim, chamou Hillary de “mulher asquerosa”.
Ao longo dos debates, Hillary ampliou sua vantagem sobre Trump. Sua margem nas pesquisas nacionais aumentou de cerca de três pontos pouco antes do primeiro debate para uma média de sete pontos na quarta. Sondagens e projeções na véspera do último debate indicavam que Hillary tem os estados suficientes para garantir bem mais do que os 270 votos necessários para vencer a eleição.
Os debates encerraram um capítulo importante na campanha. Trump e Hillary continuarão a atirar um no outro, mas a janela para ganhar eleitores está se fechando rapidamente. A campanha de Trump está em enorme desvantagem, e vai depender ou da capacidade do candidato para despertar um silencioso exército de eleitores que ficaram à margem nas últimas eleições, ou, mais realisticamente, dos esforços do Comitê Nacional Republicano para sair à caça de votos.
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