Motorista de Uber preso por engano é solto após sete dias na cadeia
O motorista de aplicativo Antônio Carlos Rodrigues Junior, de 43 anos, foi solto na sexta-feira, após passar sete dias preso por engano. Segundo a advogada responsável pelo caso, Mitsi Rocha Fidelis, ele foi solto por volta das 23h da cadeia pública de Benfica, na Zona Norte, onde estava preso desde terça-feira, após ter sido transferido da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), responsável pela investigação do crime. Procurada pelo GLOBO, a Polícia Civil informou que a Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) vai investigar o caso.
Prw, como é conhecido pelos amigos, foi acusado de ter participado de um assalto à cônsul geral da Venezuela dentro de um prédio na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, no dia 6 de junho. A vítima do assalto esteve nesta quinta-feira no presídio de Bangu e fez o reconhecimento do assaltante verdadeiro, identificado como Luiz Fernando da Silva. Mesmo após o reconhecimento, o motorista ainda passou dois dias na cadeia.
Segundo a mulher de Antônio, Ingrid da Silva, de 25 anos, seu marido foi identificado por conta de uma foto no Facebook. A Polícia teria chegado a Antonio por conta de características semelhantes a do assaltante como a cor de pele e o formato do nariz, além do fato de ambos serem carecas.
— Já dei entrada no pedido de revogação e agora o processo está com o Ministério Público para análise — disse Mitsi, que complementou:
— A vítima reconheceu o Cabeça como sendo o assaltante. Conclusão, meu cliente é inocente e foi preso injustamente.
Na manhã do dia 13 de julho Antônio se preparava para trabalhar quando policiais da Deat chegaram em sua residência na Glória, Zona Sul do Rio, e o levaram para a delegacia para que prestasse esclarecimentos sobre uma foto no Facebook. Ele acabou preso.
De acordo com o inquérito policial, a cônsul foi roubada dentro do elevador do prédio por três homens, um deles armado. Na ação, os assaltantes levaram a bolsa onde estava o salário da mulher, no valor de 4.900 euros, que ela tinha acabado de sacar no banco. O crime foi registrado pelas imagens do circuito interno do prédio.
A mulher de Antônio contou ainda que, no dia do roubo, ele enviou uma imagem com a localização de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, pelo celular.
— Nesse mesmo dia, por volta 13h30m, o meu marido me mandou uma localização em Manguinhos. Ele estava trabalhando no aplicativo. Ele sempre me mandava a localização, ainda mais quando passava por área de risco — contou Ingrid, que tem um relacionamento há seis anos com o motorista.
A família e advogados lutavam para provar que houve um engano. Eles argumentaram que o motorista não é o homem que aparece em imagens do circuito interno do prédio. Nas redes sociais, amigos se mobilizam pela sua libertação.
O Ministério Público informou nesta sexta-feira que "os autos foram remetidos ontem (na quinta-feira) pelo TJRJ." Segundo o órgão, o promotor de Justiça junto à 11ª Vara Criminal da Capital remeteu nesta sexta-feira ao juízo o requerimento de revogação da prisão de Antonio Carlos Rodrigues Junior. O GLOBO voltou a procurar o MP após a soltura do motorista, mas ainda não teve resposta. O jornal também procurou o Tribunal de Justiça do Rio, que ainda não respondeu a demanda.
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