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Trump desafia Rússia e ameaça bombardear Síria

Por Agência O Globo

12/04/2018 0h24 — em
Mundo



WASHINGTON E MOSCOU — A série de ataques e provocações verbais de Donald Trump, que prometeu aos russos disparar “mísseis inteligentes” sobre a Síria em resposta a um suposto ataque químico em Douma, no fim de semana, foi contida ao longo do dia desta quarta-feira por seu próprio Gabinete, o que indica que, muito provavelmente, o presidente americano ainda tem dúvidas sobre que passos concretos poderão ser tomados. Ainda assim, a tensão internacional subiu, com o Reino Unido anunciando o envio de um navio de guerra à região, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pedindo em conversa telefônica com o premier Benjamin Netanyahu que Israel — aliado dos EUA e inimigo do regime de Bashar al-Assad — se abstenha de realizar qualquer ação desestabilizadora. Um destróier americano com mísseis de cruzeiro Tomahawk estaria se dirigindo à costa síria, segundo relatos.

Em Washington, o secretário de Defesa, Jim Mattis, foi o primeiro a se manifestar após os tuítes de Trump, ponderando que o governo ainda está avaliando com os serviços de Inteligência a situação na Síria. Depois, foi a vez da porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, que, dando um tom cauteloso às ameaças, ressaltou que “nenhuma decisão final” fora tomada. Sanders confirmou que Trump considera Síria e Rússia responsáveis pelo suposto ataque químico de sábado em Ghouta Oriental, último reduto rebelde perto de Damasco, mas ponderou que as decisões sobre uma eventual resposta militar ainda não haviam sido tomadas.

— Todas as opções estão sobre a mesa — esquivou-se.

De um lado, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pediu a EUA e Rússia que ponham fim à “briga de rua”, e o principal assessor do líder supremo do Irã reiterou que seu país apoiará Damasco contra qualquer agressão. Já os aliados ocidentais dos EUA, França e Reino Unido, ameaçaram responder fortemente — incluindo opções militares — contra Assad, ainda que os responsáveis pelo suposto ataque químico não tenham sido confirmados. Segundo o “Telegraph”, fontes do governo britânico disseram que o Reino Unido se prepara para ser capaz de disparar mísseis Tomahawk de submarinos contra alvos militares na Síria. Nesta quinta, a premier Theresa May convocará um “gabinete de guerra” especial para preparar uma possível ação militar sem aval do Parlamento.

Para além da retórica virtual de Trump, resta saber se um ataque teria efeito prático ou legal. Em 2013, em resposta a um ataque químico que matou 1.400 sírios, o então presidente Barack Obama tentou meios legais para contornar o veto do Conselho de Segurança, responsável por autorizar uso da força. Trump mesmo já usou a resposta militar em abril de 2017, quando os EUA lançaram 59 mísseis contra uma base aérea síria em resposta a um ataque com gás sarin também atribuído a Assad.

— Há uma tensão entre o desejo de fazer algo maior do que da última vez e a intenção clara do presidente de não se envolver em operações prolongadas — disse ao “New York Times” Michèle Flournoy, ex-secretária-adjunta de Defesa no governo Obama. — É possível que eles preparem um só ataque maior ou uma série de ataques menores.

Segundo fontes do Pentágono, os EUA e seus aliados podem tentar danificar aeródromos em toda a Síria, o que prejudicaria a capacidade de Assad de lançar futuros ataques. O plano, porém, exigiria uma campanha de vários dias.

— Só uma pressão prolongada mudaria os cálculos de Assad sobre o uso de armas químicas.

Mas, mesmo que o tom tenha diminuído ao longo do dia, quando terminava o prazo estabelecido por Trump para responder ao suposto ataque, aviões russos sobrevoaram navios franceses e americanos armados com mísseis na Síria. Analistas militares informaram que, após as ameaças, o governo sírio moveu aeronaves para a base russa perto de Latakia e protegeu sistemas de armamento importantes. Companhias áreas, por sua vez, foram avisadas para não sobrevoarem o país durante 72 horas.

A Organização Mundial da Saúde disse ter recebido relatos de que mais de 500 pessoas tiveram tratamento por “sinais e sintomas coerentes com exposição a substâncias químicas tóxicas”. E 43 pessoas morreram por exposição a agentes tóxicos.


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