Senado italiano autoriza julgamento de ex-ministro ultranacionalista
BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - O Senado italiano autorizou nesta quarta (12) o julgamento do líder de direita radical e ex-ministro Matteo Salvini sob acusação de sequestro de imigrantes.
Em julho de 2019, ele impediu o desembarque de centenas de imigrantes resgatados de um naufrágio ao tentarem atravessar o mar Mediterrâneo vindo da Líbia.
O navio italiano Gregoretti ficou vários dias na costa da Sicília, sem poder atracar.
Salvini é o político mais estridente do partido ultranacionalista Liga e tem na campanha contra a imigração sua principal bandeira.
Se for condenado, Salvini pode ficar inelegível e pegar até 15 anos de prisão.
A decisão do Senado (cujos números finais são esperados para cerca de 15h, no horário do Brasil) é o segundo revés de Salvini em menos de um mês.
No final de janeiro, ele teve seu candidato derrotado em uma virada eleitoral na região da Emilia Romagna.
Nesta quarta-feira, votaram pela queda da imunidade também senadores do partido 5 Estrelas, que no passado apoiava a política pró-imigração do ministro da Liga.
Ao jornal italiano Corriere della Sera, o senador Mattia Crucioli justificou a mudança de posição dizendo que, "no caso do navio Gregoretti, foram colocados em risco os direitos constitucionais à saúde, à vida e à dignidade humana".
O próprio Salvini havia declarado no começo deste ano que queria ir a julgamento. Segundo alguns analistas, porém, essa era uma estratégia para aparecer como vítima e atrair votos na eleição da Emilia Romagna.
Após a votação, ele afirmou estar "tranquilo e orgulhoso" de suas decisões e pronto a repeti-las "assim que voltar ao governo".
O voto do Senado era necessário porque, assim como no Brasil, ministros têm imunidade em acusações baseadas em ações tomadas quando estavam em exercício do cargo.
A imunidade havia sido cancelada por uma comissão em janeiro, decisão que agora foi ratificada pelos senadores.
O líder ultranacionalista deve enfrentar um novo pedido de quebra de imunidade no final deste mês, por motivo semelhante: impedir o atracamento do navio Open Arms, que carregava imigrantes.
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