Premiê espanhol e líder catalão se encontram e abrem nova negociação
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O premiê espanhol, Pedro Sánchez, se reuniu nesta quinta-feira (6) em Barcelona com o presidente regional catalão, o separatista Quim Torra, e anunciou a abertura, ainda este mês, de um diálogo bilateral que será "longo". Foi a primeira vez que os líderes se encontraram em um ano.
A agenda de 44 itens coloca em discussão questões que vão da tributação à descentralização, embora não o direito de autodeterminação da região que tentou romper com a Espanha em 2017. Neste ponto, os líderes deixaram claro que tem visões distintas.
Sánchez reiterou que ele não falará sobre secessão e que o atual governo regional da Catalunha "representa melhor a pluralidade e o sentimento da sociedade catalã", mas Torra quer que um referendo sobre "o direito de autodeterminação" da região seja realizado.
O catalão também pede que os separatistas presos e auto-exilados após uma tentativa frustrada de independência de 2017 sejam anistiados, mas seu pedido não foi respondido por Madri.
No roteiro das negociações, o governo de Sanchez concordou em considerar uma demanda catalã por mais autonomia fiscal, prometeu aumentar o investimento em infraestrutura na Catalunha e estudar maneiras de mudar o sistema de financiamento público da região.
A promessa do diálogo foi feita por Sánchez ao partido separatista da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), em troca deste último ter dado apoio indispensável à sua posse como chefe de governo no mês passado, no Parlamento espanhol.
A marcha de manobra de Sánchez é reduzida, em um Parlamento muito fragmentado. Sua coalizão de governo com a esquerda radical de Podemos carece de maioria, e avançar com orçamentos e suas iniciativas depende, portanto, de outras forças, incluindo o separatismo catalão.
"No final das contas, a última década foi lamentável. Ninguém venceu, todos perdemos", disse Sanchez após o encontro, em Barcelona. "O que o governo da Espanha está propondo é um recomeço", completou.
O movimento secessionista da Catalunha mergulhou a Espanha em sua maior crise política em décadas em 2017, quando a região -a mais rica do país- declarou unilateralmente a independência após realizar um referendo que os tribunais haviam considerado ilegais.
Uma rodada anterior de negociações sobre a situação política da Catalunha -a primeira desde que o governo regional adotou uma agenda secessionista em 2012- entrou em colapso no final de 2018.
Sanchez e Torra disseram estar esperançosos e dispostos a encampar as novas negociações, mas o líder catalão afirmou que ainda existem diferenças profundas e que a proposta de Madri não está totalmente clara.
"O que estamos solicitando é que seja um diálogo franco e honesto que lide com a raiz do conflito político", acrescentou.
O partido de Torra, Juntos pela Catalunha, é, junto com a ERC, parte de uma coalizão governista em favor da independência na região.
Torra disse no mês passado que planeja convocar eleições regionais e que as conversas entre os dois governos não devem ser afetadas pelo processo eleitoral. A eleição está prevista para maio.
A região teve novos protestos violentos em outubro, depois que nove líderes separatistas receberam longas sentenças de prisão.
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