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Em discurso, Trump comemora absolvição e chama democratas de 'pessoas horríveis'

Por Folha de São Paulo

06/02/2020 20h27 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Isso não é um discurso ou uma entrevista coletiva, é uma celebração", deixou claro o presidente Donald Trump em seu primeiro comentário oficial sobre sua absolvição no processo de impeachment, nesta quinta-feira (6).

"Primeiro, passamos por Rússia, Rússia, Rússia. Era tudo besteira", disse, na Casa Branca, citando as denúncias de que a eleição de 2016 teria sido alvo de manipulação estrangeira a favor dele.

O presidente mostrou um exemplar do jornal The Washington Post, com a manchete "Trump absolvido", citou uma longa lista de nomes de advogados e congressistas que o ajudaram e disse que o Partido Republicano está mais forte do que nunca. Os elogios foram intercalados com críticas aos democratas.

"Eles [os democratas] sabiam, depois de dois dias, que éramos inocentes, mas prolongaram as coisas porque queriam causar danos políticos", acusou.

Em um discurso de pouco mais de uma hora, Trump comparou o impeachment a uma travessia do inferno, uma guerra e uma vergonha para quem o propôs. Acusou os democratas de tentar destruir o país e deixou claro que não perdoará os rivais que participaram do processo.

Chamou Adam Schiff, deputado democrata que liderou a investigação, e Nancy Pelosi, presidente da Câmara, de "pessoas horríveis" e disse que eles seriam capazes de tentar remover do cargo até George Washington, comandante americano na Guerra de Independência e primeiro presidente do país.

"Se virem uma pessoa andando contra a luz, vão querer pedir impeachment. (...) Lutei contra pessoas assim a vida toda, e sempre lutarei."

"Imagine se essa energia fosse colocada em outras coisas. Há habilidades no outro lado, eu reconheço. Eles me levaram até a votação final disso, dessa palavra muita feia. Mas agora há uma frase melhor: totalmente absolvido", prosseguiu.

Criticou também Mitt Romney, único senador republicano a votar a favor do impeachment. "É um fracassado ex-candidato a presidente, que fez uma das piores campanhas da história". Romney perdeu para Barack Obama em 2012.

O tom do presidente americano contrasta com o de Bill Clinton, que também foi absolvido pelo Senado americano num processo de impeachment em 1999.

Na ocasião, o democrata apareceu sozinho para falar à imprensa e pediu desculpas. "Agora que o processo chegou ao fim, eu gostaria de oferecer novamente ao povo americano minhas profundas desculpas pelo que eu disse e fiz que levou a esses eventos, e pelo pesado fardo que impus ao Congresso e ao povo americano", disse ele.

SENADO INOCENTOU TRUMP

Em um resultado esperado havia meses, Trump foi absolvido na quarta (5) do processo de impeachment que o acusava de pressionar a Ucrânia a investigar o filho do rival Joe Biden e de tentar obstruir a investigação no Congresso.

Protegido pelos senadores de seu partido, o Republicano, Trump foi inocentado com 52 votos contrários e 48 a favor em relação ao artigo de abuso de poder e 53 a 47 quanto à obstrução do Congresso. Eram necessários 67 apoios —dois terços da Casa— para tirá-lo da Presidência dos EUA.

Todo o imbróglio que gerou o processo de impeachment parte do telefonema do líder americano, em 25 de julho, ao então recém-eleito presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, a quem Trump pediu para investigar Hunter Biden, ex-membro do conselho de uma empresa suspeita de corrupção naquele país.

Dias depois, no começo de agosto, uma denúncia anônima à CIA, a agência de inteligência americana, a partir de relatos de pessoas que ouviram o telefonema ou tiveram acesso à transcrição da ligação, acusa o presidente de ter abusado do poder de seu cargo para obter ganhos pessoais, ameaçando assim o sistema eleitoral americano. Em 19 de setembro, o jornal The Washington Post revela o caso.

Na primeira votação na Câmara dos Deputados sobre o processo, 232 deputados foram favoráveis à continuação do inquérito, enquanto 196, ​contrários. Em seguida, o processo seguiu para o Senado, que decidiu não ampliar as investigações, como queria a oposição, e por inocentar o presidente.

Sem a sombra do impeachment, Trump agora pode se dedicar para valer à campanha de reeleição. Ele será o candidato do Partido Republicano e aguarda a definição de qual será seu rival democrata.

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