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Brasil se nega a retirar sul-americanos de epicentro do coronavírus e dá carona a poloneses

Por Folha de São Paulo

07/02/2020 20h05 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Representantes de Bolívia, Costa Rica, Argentina, Colômbia, Panamá e Cabo Verde solicitaram ajuda ao governo brasileiro para tirar seus cidadãos de Wuhan, epicentro da epidemia do coronavírus, mas tiveram seus pedidos negados.

Os dois aviões VC-2 da FAB que decolaram nesta sexta-feira (7) da cidade chinesa, porém, transportarão quatro poloneses e seus cônjuges, além de outras 34 pessoas, entre brasileiros e seus parentes estrangeiros.

A negativa desagradou ao menos dois países vizinhos. Um diplomata argentino relatou que a preferência por embarcar apenas cidadãos da Polônia foi vista como uma amostra da orientação ideológica do governo.

Os governos de direita e centro-direita de Polônia, Hungria, Estados Unidos e Brasil fazem parte da recém-lançada Aliança pela Liberdade Religiosa.

Os países se alinham em posicionamentos pró-cristãos em foros multilaterais, condenando o direito ao aborto e o que chamam de "ideologia de gênero".

O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta semana o ministro dos Negócios Estrangeiros polonês, Jacek Czaputowicz, e anunciou que viajará à Polônia e à Hungria ainda neste semestre.

Procurado, o ministério das Relações Exteriores disse que lamenta não estar em condições de atender aos pedidos de países latino-americanos e de Cabo Verde para incluir mais de 80 passageiros na Operação Regresso e que não havia lugar para acomodar essas pessoas.

Além dos poloneses, brasileiros e seus parentes repatriados, cada avião transporta 11 tripulantes e sete profissionais médicos. A capacidade do VC-2 é de cerca de 40 pessoas em cada aeronave.

Segundo o governo, tiveram de ser adotadas uma série de restrições no interior dos aviões para manter distância adequada entre os passageiros, dado o elevado risco de contaminação, o que diminuiria o número de assentos disponíveis no veículo.

A Argentina tem pelo menos 12 cidadãos em Wuhan, a Bolívia, 10, e a Colômbia, 14. Há cerca de 15 cabo-verdianos na cidade chinesa.

O Itamaraty afirma que a Polônia concedeu autorização para escala das aeronaves brasileiras em Varsóvia em tempo recorde e também solicitou a repatriação de quatro nacionais e dois cônjuges. 

Como eles iriam desembarcar na capital polonesa já na primeira escala fora da China, foi considerado viável transportar esses passageiros.

Antes de chegar a Anápolis, no estado de Goiás, as aeronaves ainda farão escala em Fortaleza, Las Palmas (Espanha), Varsóvia (Polônia) e Ürümqi (China). 

O Itamaraty afirmou também que foram identificadas dificuldades logísticas para manter os estrangeiros em quarentena no Brasil -embora alguns países tenham se disposto a buscar seus cidadãos em Goiás, onde ficariam isolados.

Quando chegarem ao Brasil, todos os resgatados, membros da tripulação e médicos a bordo passarão por um período de 18 dias em Anápolis. 

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