Contra reformas de Temer, centrais sindicais se reaproximam
SÃO PAULO - Após um período de afastamento causado pelas opiniões divergentes em relação ao processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, as seis maiores centrais sindicais do Brasil voltaram a se aproximar. Reunidas em assembleia hoje, o grupo aprovou um documento único em que faz críticas a reformas propostas pelo presidente interino Michel Temer e propõe medidas para a recuperação econômica. Entre os principais alvos estão as reformas da Previdência e trabalhista, preparadas pelo governo interino.
Segundo o documento, assinado pelos presidentes das seis centrais, os trabalhadores enfrentam dois desafios: o aumento do desemprego com redução de salários e o desmonte de políticas de inclusão social. Em relação à diminução dos postos de trabalho, as centrais sindicais afirmaram que o governo não tem atuado para a solução do problema. A instituição de uma idade mínima para adquirir o direito à aposentadoria e outras mudanças na Previdência foram classificadas como inaceitáveis. O grupo ainda teceu críticas à proposta de flexibilização das leis trabalhistas, que aumentaria a importância de acordos negociados entre patrões e empregados com a simplificação da legislação.
Para o deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulinho, o mais importante do documento aprovado com unanimidade é a reunidade das centrais sindicais. A principal crítica do deputado foi à manutenção da taxa de juros acima de 14%. De acordo com o deputado, o governo já teve duas oportunidades para redução dos juros.
— Parece que o governo tem uma dívida com o sistema financeiro. Essa taxa de juros penaliza quem trabalha e quem produz — afirmou.
Paulinho da Força, no entanto, afirmou que as divergências em relação ao governo entre as centrais permanecem, mas a questão do emprego é mais importante.
— Continuamos apoiando [o governo], mas não podemos bater palma para tudo de errado que sai de lá — explicou.
Entre as medidas propostas no documento, está a redução da taxa de juros e da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salários, além da retomada do investimento público. A unificação de propostas representa uma mudança em relação à postura das centrais sindicais. Logo após assumir a presidência interina, Michel Temer convocou uma reunião com as centrais sindicais, mas apenas as quatro que apoiaram o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff compareceram: Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST). A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), próximas à presidente Dilma, recusaram o convite.
Segundo Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB, a reaproximação é obrigação das centrais devido às propostas de mudança na Previdência e nas leis trabalhistas.
— Nós vivemos num período de grande turbulência, é natural que o movimento tenha opiniões distintas. Mas para defender emprego, Previdência e leis trabalhistas, as centrais têm obrigação de estarem unidos. Essa questão prepondera — disse.
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