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Morre Ismael Ivo, dançarino e coreógrafo brasileiro que brilhou no exterior, aos 66

Por Folha de São Paulo

09/04/2021 10h36 — em
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dançarino, coreógrafo, diretor e curador Ismael Ivo morreu aos 66 anos, vítima de Covid-19, nesta quinta-feira (8). A morte foi anunciada nas redes sociais do artista.

Ivo, que ganhou notoriedade dentro e fora do país, despontou no auge da dança contemporânea de São Paulo, nos anos de 1970.

Os bailarinos brasileiros Márcia Haydée e Ismael Ivo em cena de "Tristão e Isolda", na Alemanha - Divulgação

Em 1978, ele passou a integrar a companhia do americano Alvin Ailey, que ficou conhecida como uma das maiores companhias de dança moderna.

Já ao lado de Karl Regensburger, ele fundou o ImpulsTanz, de Viena, na Áustria, em 1984. O evento, no qual Ivo também foi diretor artístico, é um dos mais importantes festivais de dança contemporânea da Europa.

O artista dirigiu ainda o Teatro Nacional Alemão, em Weimar, se dizendo o primeiro negro e estrangeiro nesse posto, e chefiou a seção de dança da Bienal de Veneza.

Voltou ao Brasil em 2017 para comandar o Balé da Cidade, o corpo de baile do Theatro Municipal de São Paulo, cidade onde nasceu.

Em estreia como diretor do Balé, Ivo apresentou os espetáculos "Risco", de Sérgio Ferrara, e "Adastra", de Cayetano Soto.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, naquele ano, Ivo disse que a dança contemporânea é um reflexo de uma série de crises políticas, sociais e existenciais da atualidade. Há ainda, segundo ele, um mea-culpa a ser feito nas fileiras coreográficas.

"A produção tentou quebrar formas e se distanciar de uma dança mais rígida", afirmou. "Nesse movimento, acabou se centrando em si mesma, deixou de considerar a experiência do receptor. Ora, se é para dançar só para você, fique em casa."

Na mesma entrevista, Ivo destacou também os problemas enfrentados pelos artistas brasileiros. "Às vezes, não percebemos que aqui no Brasil há coisas até mais vanguardistas do que lá fora. Ao mesmo tempo, os gestores da cultura ficam perdidos no turbilhão da novidade, no tempo da notícia, sem se dar conta de que, para se construir algo, é preciso um longo período."

Em 2020, integrantes do Balé da Cidade encaminharam denúncias de assédio moral contra ele, que foi demitido pouco tempo após as acusações.

Uma série de personalidades lamentou a morte de Ivo nas redes sociais. "A dança acorda mais triste hoje", escreveu o rapper Emicida. "Um destruidor de barreiras em toda a sua trajetória."

A também coreógrafa Inês Bogéa, diretora da São Paulo Companhia de Dança, e os cantores Fabiana Cozza, Johnny Hooker, Karina Buhr foram outros que prestaram homenagens.

O governador de São Paulo, João Doria, do PSDB, o classificou como um dos maiores coreógrafos contemporâneos.

"Ismael foi diretor da Bienal de Veneza, do Balé da Cidade, e o primeiro estrangeiro a dirigir o Teatro Nacional Alemão", escreveu Doria no Twitter. "Era um amigo querido. Muito triste."

Sérgio Sá Leitão, secretário de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, anunciou também nas redes sociais que a SP Escola de Dança Ismael Ivo, projeto desenvolvido pelo coreógrafo desde o ano passado, será implementado.
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