Se pudesse, teria mudado a chuva, diz chefe de Paris-2024
SAINT-OUEN, FRANÇA (FOLHAPRESS) - "Essa é fácil responder: o tempo." Tony Estanguet, presidente do comitê organizador de Paris-2024, não titubeou quando lhe perguntaram o que teria mudado, se pudesse, nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. "Odiei o tempo. Para nós foi muito difícil gerir a cerimônia de abertura e muitos dias de competição em que tivemos que lidar com a chuva forte. Foi a parte mais estressante."
A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, realizada ao longo do rio Sena no dia 26 de julho, foi marcada pela chuva forte, que prejudicou parte do espetáculo visual. A chuva também piorou a qualidade da água do rio Sena, levando ao cancelamento de treinos e ao adiamento de algumas provas aquáticas, tanto nas Olimpíadas quanto nas Paralimpíadas.
A declaração de Estanguet ocorreu em entrevista sobre o encerramento dos Jogos, neste domingo (8). O dirigente comemorou o "balanço muito positivo" do evento, e citou o brasileiro Gabriel Araújo, ganhador de três medalhas de ouro na natação, como uma das mais belas histórias das Paralimpíadas.
A ministra dos Esportes, Amélie Oudéa-Castéra, atualmente demissionária devido à formação de um novo governo, também falou de "tempestades", mas em sentido metafórico, para se referir às dificuldades vividas ao longo do processo de organização dos Jogos.
"Deus sabe que houve várias tempestades. Lembro uma reunião de revisão orçamentária, em dezembro de 2022, em que houve discussões um pouco tensas, até um pouco mais que isso." Segundo ela, porém, os líderes do comitê souberam deixar as diferenças políticas de lado em prol de um evento bem-sucedido.
Valérie Pécresse, presidente do conselho de Ile-de-France, a região que engloba Paris (uma espécie de governadora de estado), admitiu que faltou aumentar a acessibilidade no metrô de Paris, motivo de queixa de alguns atletas paralímpicos. Segundo ela, hoje 56% do metrô é acessível, "mesmo nível de Londres". Ela anunciou a intenção de financiar um plano de reforma das estações mais antigas, onde só há escadas para entrar e sair.
Pécresse também anunciou a criação de uma plataforma virtual para arrumar emprego para 40 mil pessoas que trabalharam na organização dos Jogos e cujos contratos se encerram com o término do evento.
O presidente do Comitê Paralímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons, anunciou que está estudando a inclusão de novos esportes nos Jogos, inspirado pelas Olimpíadas. Citou o surfe, o skate e o ciclismo BMX, e lembrou que a escalada já consta do programa paralímpico de Los Angeles-2028.
Ele descartou qualquer possibilidade de misturar Olimpíadas e Paralimpíadas no futuro. "Não na minha vez. Acredito que temos o melhor formato."
Segundo ele, incluir eventos paralímpicos nos Jogos Olímpicos "diluiria" o impacto positivo do evento na promoção da inclusividade.
Parsons também comemorou a venda de 2,5 milhões de ingressos para os Jogos Paralímpicos.
Tony Estanguet e Andrew Parsons anunciaram homenagens à maratonista Rebecca Cheptegei, de Uganda, assassinada em seu país dias depois de participar dos Jogos Olímpicos. Um ex-namorado é acusado de ter jogado gasolina e ateado fogo ao corpo da atleta. A prefeitura de Paris anunciou que vai dar o nome de Cheptegei a alguma praça de esportes da cidade.
Durante a entrevista, o político Patrick Ollier, presidente da região metropolitana de Paris, cometeu uma pequena gafe ao tentar elogiar os atletas paralímpicos: "Durante dez dias não vi pessoas atingidas por deficiência, e sim atletas de alto nível", como se os paralímpicos quisessem ou precisassem esconder suas deficiências.
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