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Naomi Osaka entra para a história das Olimpíadas em grande marco de representatividade

Por Folha de São Paulo

23/07/2021 13h06 — em
Esportes



TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) - Se os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 já têm como marca manifestações sociais e de luta por representatividade, o grande recado até o momento não veio de um protesto, mas do clímax da cerimônia de abertura: o acendimento da pira olímpica.

Ao ser escolhida para a função aos 23 anos, a tenista Naomi Osaka escreveu mais um capítulo da sua potente história no esporte, que já tem quatro títulos de Grand Slam e muito mais do que isso fora das quadras.

No ano passado, Naomi paralisou um torneio nos EUA para protestar contra a violência policial contra negros e no último US Open, que venceu, entrou em quadra nos seus sete jogos usando máscaras com nomes de vítimas.

Negra, filha de pai haitiano e mãe japonesa que foi criada nos Estados Unidos, Osaka já recebeu críticas por supostamente não ser "suficientemente japonesa", alavancando uma discussão sobre racismo e identidade nacional no país-sede dos Jogos.

Em outubro de 2019, ela teve que tomar uma decisão definitiva sobre que nação representar esportivamente: EUA ou Japão. Nascida em Osaka, escolheu a segunda e assim abriu mão da nacionalidade americana.

"É um sentimento especial almejar as Olimpíadas como representante do Japão", ela disse na ocasião. "Estou ansiosa por tudo, como a cerimônia de abertura", completou, provavelmente ainda sem saber que teria papel tão grandioso no evento.

Com seu cabelo em tranças vermelhas, ela protagonizou o momento mais emblemático de uma cerimônia que tinha como principal intenção mostrar um novo Japão para o mundo enquanto os governos do país e de Tóquio são bombardeados pela opinião pública por prosseguir com a realização dos Jogos na pandemia da Covid-19.

Em junho, Osaka abandonou Roland Garros após ser declarar contra a obrigatoriedade de dar entrevistas coletivas. Multada por não comparecer a uma delas, desistiu do torneio explicando que tem ansiedade social e convive com a depressão desde que venceu o US Open em 2018, numa final tumultuada contra Serena Williams.

Na sequência, ela também ficou fora de Wimbledon e chegou para as Olimpíadas em seu país como uma das grandes estrelas dos Jogos. Agora, se tornará muito mais do que isso. Virará um emblema da história esportiva do Japão e olímpica. Tudo isso, vale reforçar, aos 23 anos.

Osaka ainda não havia falado com a imprensa no Japão, mas desta vez, como agora se sabe, foi para guardar o segredo sempre mais bem guardado da cerimônia.

Cabeça de chave número 2, ela estreará no torneio feminino de tênis no domingo (25), ainda sem horário definido, diante da chinesa Saisai Zheng. Ela inicialmente estava na programação de sábado, mas seu jogo fora retirado da agenda sem grandes explicações.


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