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Jairzinho revela pilares do sucesso de Jair Ventura no Botafogo

Por Agência O Globo

21/10/2016 2h52 — em
Esportes



RIO - Jairzinho é um pai orgulhoso. Teve a sorte de ver de perto cada passo de seu filho Jair Ventura no futebol, desde a inflamação no púbis, que encurtou a sua carreira de jogador, até a trajetória de mais de sete anos dentro do Botafogo para assumir o cargo de treinador principal. O Furacão da Copa de 70 garante que o sucesso de seu filho de 38 anos não é por acaso.

- Essa boa fase que o Botafogo está vivendo não é por acidente. É por capacidade do meu filho. Ele é um bom profissional, estudou bastante para chegar a esse cargo, conhece o clube e o elenco. Os jogadores têm confiança nele, e ele tem confiança nos jogadores. Para se ter uma ideia, teve jogador (Neílton) jogando gripado contra o Santa Cruz só porque confia no trabalho do Jair. Pode ver também que nenhum jogador sai chateado quando é substituído - diz Jairzinho.

O pai lembra que o filho viveu um drama muito grande quando tinha apenas 20 e poucos anos. Jair Ventura queria viver de futebol, jogando bola, e chegou a passar pelo profissional do Bangu e futebol francês. Mas a lesão no púbis não o deixou seguir na carreira.

- Ele cresceu indo no Botafogo comigo. Foi um baque muito forte quando viu que não poderia mais ser jogador de futebol. Mas ele ergueu a cabeça e foi fazer um curso de preparador físico para continuar vivendo de sua paixão, que é o futebol. Ele trabalhou duro. Quando chegou no Botafogo, trabalhou nos juniores, juvenil... Foi subindo cada degrau que era preciso para chegar ao comando do time principal - conta Jairzinho.

Durante sua trajetória em General Severiano, Jair Ventura chegou a ser demitido pela antiga diretoria no fim de 2013, mas retornou em 2015 para ajudar o time a voltar à elite do Brasileiro. Aos poucos, em sua época de auxiliar, Jair Ventura foi conquistando a confiança dos técnicos que passavam pelo clube alvinegro. Jairzinho conta que seu filho ficava responsável por analisar as estatísticas do time e dos adversários para passar os pontos fortes e fracos de cada um.

Essa escola de estatísticas que Jair Ventura fez como auxiliar técnico ajuda a explicar porque suas táticas e substituições têm surtido efeito. Ele vem de cinco vitórias consecutivas, sendo que, nas últimas quatro (contra Figueirense, Inter, Atlético-MG e Santa Cruz), os gols decisivos saíram nos minutos finais, o que mostra, também, sua atenção e conhecimento sobre a preparação física.

Para Jairzinho, a humildade é um dos principais trunfos de seu filho. Jair Ventura sabe que não constrói nada sozinho. Por isso, na semana passada, fez questão de reunir comissão técnica e funcionários do clube, sem a presença dos jogadores, para dizer que todos eram responsáveis por essa boa fase. Disse que ele era o único a receber elogios da imprensa, mas que tem a exata noção da importância do trabalho de cada um.

A humildade de Jair Ventura também demonstra que ele sabe exatamente como as coisas funcionam em General Severiano. Sempre com os pés no chão, o treinador gosta de evitar o oba-oba. Mesmo embalando uma vitória atrás da outra, Jair Ventura custou a mudar o discurso de que a luta era contra o rebaixamento. Quando ele assumiu, o time estava na 17ª colocação, na zona de rebaixamento, com apenas 20 pontos. Hoje, é quinto colocado com 53 pontos, próximo da vaga na Libertadores ano que vem. O pai também gosta de manter os pés no chão:

- Meu filho está fazendo um belo trabalho, mas ainda não cumpriu com seu objetivo, porque o campeonato ainda não acabou. Espantamos o risco de rebaixamento. Agora, vamos para o que era impossível até bem pouco tempo, que é ficar no G-6 e garantir uma vaga na Libertadores.

Apesar dos elogios aos estudos do filho no futebol, é na relação com os jogadores - até pela experiência que teve como campeão do mundo - que Jairzinho não titubeia na hora de tirar o chapéu para o trabalho que está sendo feito.

- A confiança que os jogadores têm nele é impressionante. A imprensa diz que o grupo é fraco, mas ele acredita no elenco e sabe usar o melhor de cada um. Ele recuperou, por exemplo, a personalidade do Sassá, após a grave lesão no joelho. Hoje, o garoto é o artilheiro do time e só não é do campeonato também porque jogou menos partidas que os concorrentes na artilharia - diz Jairzinho, lembrando que o filho já fazia a primeira preleção com os jogadores quando ainda era auxiliar e que isso também ajudou a ter o elenco na mão.

O campeão do mundo garante que não tenta influenciar seu filho na montagem do time. O pai combinou que só dá conselhos sobre isso quando o próprio filho vem pedir. Normalmente, ele pede. Mas, depois da última vitória contra o Santa Cruz, isso ainda não aconteceu.

- Quando o Jair assumiu o time, eu dei só um conselho. Falei para ele acertar com a própria decisão e errar com a própria decisão. Portanto, eu só respondo quando ele pergunta. Jamais vou interferir no seu trabalho. Estou aqui para ajudar. E é uma honra ver o meu filho e o Botafogo brilhando juntos. A semente é forte. No momento, não imagino ele treinando qualquer outro clube que não seja o Botafogo.

Jairzinho só não sabe explicar porque o time não empata com seu filho. Em 16 jogos, foram 11 vitórias e cinco derrotas. De resto, Jairzinho sabe que têm coisas que só acontecem a Jair Ventura, porque ele se qualificou muito para chegar aonde chegou.


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