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Em crise, Barcelona se apoia em Messi por título

Por Folha de São Paulo

05/07/2020 7h21 — em
Esportes



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Não é de hoje que, na relação entre Barcelona e Lionel Messi, o sucesso de um determina parcela considerável do sucesso do outro. Cabe aos demais atletas do elenco, coadjuvantes em sua maioria, o papel de contribuir de forma secundária ao objetivo comum das vitórias.

Nesta reta final do Campeonato Espanhol, o time catalão se encontra a quatro pontos do líder Real Madrid. Não bastasse a diferença para tirar nos próximos cinco jogos, o clube vive uma severa crise institucional e de vestiário.

Nessas condições, passou a depender ainda mais, quase exclusivamente, do rendimento do argentino na perseguição ao rival pelo título.

Autor de 22 gols e 18 assistências, Messi participou diretamente de mais da metade dos gols do Barça na competição -40 de 74 (54%) passaram por seus pés.

Dos 28 jogos que fez no campeonato até aqui, o camisa 10 marcou na metade deles. O aproveitamento do Barça nesses 14 jogos foi de 54% dos pontos, com seis vitórias, cinco empates e três derrotas.

O índice cai bruscamente quando o argentino não marca nem dá assistências. Nas seis partidas em que Lionel Messi passou em branco e também não distribuiu passes para gol, o time somou apenas 3 pontos de 18 possíveis (três empates e três derrotas), um aproveitamento de 16%.

Os números do atacante nesta temporada mostram sua responsabilidade não só na definição das jogadas, mas também na criação do jogo, procurando deixar os colegas em posição de marcar.

No quesito assistências, Messi já igualou ou superou nesta edição da liga seu registro em 15 das 16 temporadas que disputou do Espanhol na carreira. Ele só não atingiu ainda a marca de 2014/2015, quando deu 20 passes para gol na campanha do título nacional -além de ter marcado 43.

A diferença está na contribuição dos coadjuvantes de luxo no quadro de goleadores. Naquela temporada, Neymar anotou 22 gols e foi o terceiro na artilharia do Espanhol. Luis Suárez, que só estreou no fim de outubro de 2014, marcou outros 16. O chamado "Trio MSN" somou 81 gols dos 110 anotados pelo Barça no campeonato, 74% do total.

Para atingir essa mesma porcentagem no elenco atual, além dos gols de Messi e Suárez, seria preciso somar os de Griezmann, Arturo Vidal e Ansu Fati. Juntos, os cinco anotaram 55 dos 74 gols em LaLiga (74%) até o momento.

O que chama a atenção para o desempenho de Griezmann, que foi contratado para ser o terceiro homem do ataque ao lado do argentino e do uruguaio. O francês tem apenas oito gols em 32 jogos no torneio. No empate em 2 a 2 da última terça (30) contra o Atlético de Madrid, o atacante, que iniciou no banco de reservas, entrou em campo aos 45 minutos do segundo tempo do jogo que ficou marcado pelo gol 700 de Messi na carreira.

A alteração tardia expôs a dificuldade que o técnico Quique Setién e o próprio jogador têm enfrentado para encontrar a sua melhor função no time. "Riqui [Puig] estava bem, Suárez sempre deve estar em campo, Leo [Messi] a mesma coisa. Não era fácil encontrar um lugar para ele [Griezmann] sem desestabilizar o time. Vou falar com ele, não pedirei desculpas, mas entendo que se sinta mal" afirmou o treinador do clube.

Desde a retomada do Campeonato Espanhol, a imprensa da Catalunha tem discutido um possível desgaste do técnico, que chegou durante a temporada para o lugar de Ernesto Valverde, com o grupo de jogadores. Entre as principais razões, estaria a insistência de Setién em uma ideia ortodoxa de jogo, que não foi bem aceita pelos atletas.

Também há discordância do grupo com relação aos métodos do auxiliar de Setién, Eder Sarabia. No empate em 2 a 2 com o Celta de Vigo no último dia 27, durante uma pausa no jogo para reidratação dos atletas, Messi evitou o contato com Sarabia, que se aproximou duas vezes do camisa 10 para lhe passar instruções.

A esse desgaste com a comissão, soma-se também uma relação delicada entre o elenco e a diretoria, que ganhou um sinal de alerta na última quinta (2). Segundo a rádio Cadena SER, Messi teria interrompido suas negociações de renovação com o Barça e, ao fim do contrato, em junho de 2021, poderia deixar o clube.

O cenário de instabilidade, dentro e fora de campo, é boa notícia para o Real Madrid, que desde o retorno de LaLiga venceu todos os jogos e tomou a liderança do rival, que havia voltado da pausa com dois pontos de vantagem sobre o time de Zinedine Zidane.

O Barça, em seis partidas, empatou três, e Messi anotou apenas um, contra o Atlético..

Agora, é o time da capital espanhola que defende a ponta. Neste domingo (5), visita o oitavo colocado Athletic Bilbao, enquanto o Barça tem desafio tão ou mais complicado, também fora de casa, contra o Villarreal, quinto na tabela.

Os catalães querem seguir na briga pelo tricampeonato consecutivo e, se depender de Messi, devem continuar na perseguição ao Real. A questão é se o apego quase exclusivo ao bom rendimento do argentino será capaz de manter o time na corrida pelo título.

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