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Centenas protestam contra Olimpíadas de Tóquio, mas há quem lamente não poder vê-las

Por Folha de São Paulo

23/07/2021 10h36 — em
Esportes



TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) - A cerimônia de abertura das Olimpíadas de Tóquio aconteceu também fora do Estádio Nacional. Houve cenas de protestos e pessoas que quiseram se aproximar o máximo possível da festa para fotografar e filmar. Aconteceram gritos de ordem contra a realização do evento no país e expressões de admiração com os fogos de artifício.

Preocupada com protestos, a polícia fechou todas as vias que davam acesso ao estádio. Isso não impediu centenas de manifestantes de marcharem em direção ao local do evento que sinaliza o início oficial dos Jogos de 2020.

O ponto de concentração inicial foi em Harajuku, região conhecida pelo comércio. Com cartazes na mão pedindo o cancelamento das Olimpíadas e mensagens contra o Comitê Olímpico Internacional (COI), os protestantes usavam megafones para gritar contra o evento esportivo. Um deles batia bumbo. O slogan preferido era "vá para o inferno, Olimpíadas!".

Outro manifestante mostrou bandeira que acusava os Jogos de representarem um crime global contra o Japão e, por isso, o evento deveria ser impedido de acontecer. Enquanto isso, policiais faziam advertências de que nenhum deles deveria tentar chegar perto demais da arena. Aos poucos, os oficiais formaram um cordão de isolamento.

A cerca de 600 metros do portão principal, a passagem do grupo foi impedida pela polícia, mas eles permaneceram no local e seguiram com o protesto. Houve momentos de tensão e gritos dos dois lados.

Em alguns momentos, foi possível ouvir os coros e palavras de ordem dentro do estádio durante a cerimônia de abertura.

Em frente à estação de trem Sendagaya, um grupo menor também protestava, mas de maneira mais silenciosa. Seus cartazes tinham as letras X em vez dos arcos olímpicos, mas com as mesmas cores, e pediam que os Jogos fossem levados para qualquer lugar do planeta, mas que não acontecessem no Japão.

Quem contornava a pé o estádio, parecia ter sido transportado a outra cidade. Não era a mesma Tóquio raivosa contra as Olimpíadas.

Por volta das 19h, a população começou a se aglomerar em frente à estação de metrô Shinanomachi. Homens e mulheres, que haviam encerrado o expediente desta sexta-feira (23) -dia em que o calor chegou aos 35º-, casais de namorados e famílias formaram um corredor com vista para o local da cerimônia de abertura.

Alguns se dividiam entre acompanhar a transmissão do festival pelo tablet ou smartphone, e outros buscavam registrar as imagens com a câmera. Imagens, muitas das vezes, opacas por causa da fraca iluminação. Mesmo assim, não iam embora.

Nesse lado do estádio, a preocupação dos policiais era a de alertar, principalmente os turistas, a não pisar na faixa de pedestres, muito menos atravessar a rua enquanto a luz do semáforo era vermelha. Escoltado, o carro que levava o imperador do Japão, Naruhito, passou pelo local, e o povo aplaudiu.

Ichiro Yto levou o filho, Daiuse, de 7 anos, e parecia emocionado. "É a única chance de ver algo das Olimpíadas. É uma pena. Não acho que a raiva da maioria seja contra as Olimpíadas. É contra o governo e a falta de vacinas", afirmou Yto.

Pouco depois das 20h (de Tóquio), na primeira bateria de queima de fogos de artifícios no estádio Olímpico, aqueles japoneses que não protestavam responderam com um "ooohhh" de admiração.

"Há gente com raiva, mas há japoneses que querem se aproximar dos Jogos e não podem. Vai ser como se não tivesse acontecido", disse Temari Tamura, morador da capital.

Os japoneses que gostariam de assistir à Olimpíada, por causa da Covid-19, ficaram privados de ver a cerimônia de abertura dos Jogos e não acompanharão nenhum evento in loco. E também por causa da Covid-19, do outro lado do estádio olímpico, manifestantes queriam mandar as Olimpíadas para o inferno.


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