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Botafogo encaminha retorno à Série A enquanto tenta pagar dívidas

Por Folha de São Paulo

19/10/2021 14h35 — em
Esportes



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em paralelo à boa campanha do time na Série B do Campeonato Brasileiro, a diretoria do Botafogo tem se empenhado para mudar a imagem de clube endividado.

Com passivo próximo de R$ 1 bilhão e problemas de fluxo de caixa, o presidente Durcesio Mello, 66, recorreu a uma empresa especializada em recrutamento de executivos para ajudá-lo a selecionar um diretor-executivo.

O economista Jorge Braga, 55, foi o escolhido para o cargo. Antes de assumir a função de CEO do Botafogo, em março deste ano, ocupou posições em empresas de telecomunicação. Pouco depois de pisar em General Severiano, a diretoria apresentou um desastroso resultado em seu balanço financeiro referente a 2020.

Com queda de quase 30% em suas receitas, no período em que ainda estava na elite do Nacional, o clube teve déficit de R$ 139 milhões.

Braga diz que ganhou carta branca de Mello para corte dos gastos (desde maio, quase 90 funcionários foram demitidos) e implantar as práticas comuns do mundo corporativo na estrutura do clube associativo. Entre elas, a instauração de processo de concorrência na qual a diretoria delibera a compra de um produto ou serviço após analisar quatro propostas e o núcleo de recursos humanos que estabelece uma política de cargos.

"A situação do Botafogo é delicada, é um sacrifício brutal, não esqueça que a gente tem uma dívida de um bilhão de reais. É preciso de um choque de cultura", explica o economista.

A agremiação não divulgou nenhum relatório ou extrato de suas finanças atualizado ao longo deste ano. O orçamento projeta um prejuízo de R$ 60 milhões, mesmo com as perdas de quase R$ 70 milhões sem os direitos de transmissão na Série A do Brasileiro.

"Não faremos promessas, mas sim, entrega. Apesar desse impacto na receita com o rebaixamento, vamos entregar um resultado ainda melhor que o do ano passado", afirma Braga.

Em setembro, o departamento jurídico botafoguense se aproveitou de um dispositivo na lei que cria benefícios para um clube se converter em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), sancionado em agosto pelo presidente Jair Bolsonaro.

Ele permite que um clube-empresa -o que não é o caso do Botafogo- possa pleitear na Justiça à concentração de suas dívidas em fase de execução e, através de um plano de credores, se comprometa a destinar uma parte de sua receita para quitá-las em seis anos -esse prazo poderá ser estendido por mais quatro anos caso o time comprove que tenha liquidado 60% do passivo.

Apesar de não ter virado SAF, a equipe obteve, além do prazo maior, autorização do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e do TRT-1 (Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região) para destinar no máximo 20% do seu faturamento mensal para quitar dívidas com fornecedores, prestadores de serviços e cobranças movidas por ex-funcionários.

O acordo suspende penhoras e bloqueios judiciais em ações trabalhistas e cíveis, o que garante tranquilidade para o departamento financeiro honrar seus compromissos e evitar atrasos salariais. A folha de pagamento mensal está em R$ 2,5 milhões -até fevereiro era de R$ 4 milhões.

"Precisamos, primeiro, conter a sangria no caixa. Em segundo, alinhar receitas e despesas e depois enfrentar as dívidas e captar investidores", diz Braga.

A captação de receitas tem sido um problema crônico para o time carioca, que desde a conquista do Campeonato Brasileiro de 1995 foi rebaixado três vezes (2002, 2014 e 2020).

Desde a primeira queda, a torcida conseguiu comemorar quatro títulos estaduais (2006, 2010, 2013 e 2018) e o título da Série B, em 2015.

Somente no ano passado, quando terminou o Brasileiro na lanterna, com 27 pontos em 38 partidas, o Botafogo perdeu 30% de receita. Passou de R$ 193 milhões em 2019 para R$ 135 milhões em 2020.

O clube trouxe Lênin Franco (ex-Bahia) para a função de diretor de novos negócios, responsável pelos departamentos de marketing, comercial e de sócio-torcedor.

As apostas para garantir maior receita são um novo programa de torcedores, chamado Camisa 7 -nome escolhido pelos fãs do time-, uma loja virtual (loja.botafogo.com.br) e o reajuste dos valores por espaços na camisa. A diretoria diz ter recusado patrocinadores com ofertas baixas na aposta de recuperar a credibilidade do investidor e, assim, alcançar acordos mais vantajosos.

Em 2020, o Botafogo arrecadou R$ 6 milhões com publicidade, à frente apenas de Sport (R$ 5 milhões), Atlético-GO e Goiás, estes dois últimos com R$ 4 milhões cada um. Já as receitas com bilheteria e sócio-torcedor, em 2019 (antes da pandemia), foram de R$ 17 milhões, enquanto o seu principal rival, o Flamengo, faturou R$ 178 milhões.

"Estou convencido de que o Botafogo vai conseguir mudar a história", afirma Braga.

O torcedor espera por isso.

Em campo, o time está próximo de confirmar o acesso à elite, em uma Série B considerada difícil pela presença de cinco campeões nacionais (além do próprio clube, Cruzeiro, Coritiba, Guarani e Vasco). A equipe é a vice-líder, com 52 pontos, apenas dois atrás do Coritiba.

Nesta quarta (20), em casa, o Botafogo recebe o Brusque, às 20h (com transmissão do Premiere). Se vencer, poderá assumir a liderança, desde que o Coritiba não tenha ganhado seu confronto contra o Sampaio Corrêa nesta terça (19), às 21h30, no estádio Couto Pereira.

A oito rodadas do fim da competição, a equipe carioca tem 86% de chances de garantir o acesso, segundo o departamento de matemática da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

O técnico Enderson Moreira, grande responsável pela mudança de rumo do time na competição, vive a expectativa de garantir a subida com mais quatro vitórias.

Estádio: Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)

Horário: 20h30 (de Brasília) desta quarta-feira (20)

Árbitro: Dyorgines Jose Padovani de Andrade (ES)

VAR: Leone Carvalho Rocha (GO)

Transmissão: Premiere


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