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Piloto morto no Rali Dakar foi condecorado por ajudar rival ferido em 2016

Por Folha de São Paulo

14/01/2020 7h26 — em
Esportes



SÃO PAULO, SP (UOOL/FOLHAPRESS) - Morto no domingo (12) durante a disputa do Rali Dakar 2020, o português Paulo Gonçalves era conhecido no mundo da velocidade como um piloto ético e sempre disposto a ajudar um rival, não importando se isso afetasse suas chances de título. Foi assim na edição de 2016, quando voltou para auxiliar Matthias Walkner, que quebrara o fêmur em uma queda na sétima etapa.

Gonçalves deixou a chance de vencer de lado e parou para ajudar o austríaco. Ele permaneceu por mais de 10 minutos ao lado de Walkner até a equipe médica chegar e cuidar do piloto ferido. O português voltou ao seu país como um herói, condecorado com o "Prêmio Ética no Desporto", do Instituto Português do Desporto e Juventude.

"Não sou um herói, sou um ser humano com respeito pelos outros. Fiz aquilo que me cabia. Se fosse ao contrário, acredito que fariam o mesmo por mim. A nossa vida vale mais do que qualquer vitória", disse Gonçalves, na época.

Além da condecoração recebida em Portugal, a organização do Dakar decidiu devolver os 10 minutos e 53 segundos perdidos por Gonçalves na classificação. Apesar de ter vencido uma das etapas de 2016, ele acabou não conseguindo completar todo o percurso do rali.

O auxílio a Walkner era algo lembrado até os dias de hoje. Em uma emotiva mensagem em suas redes sociais, o austríaco teceu elogios ao português e revelou ter recebido diversos conselhos de Gonçalves no início de sua carreira.

"Isso é terrível. Os resultados e a luta por um lugar no topo, de repente, passam para segundo plano. Paulo foi o primeiro que parou para me ajudar depois do meu grave acidente em 2016. Ele era incrivelmente bacana, prestativo e ético —todo mundo gostava dele. Há alguns dias, ele tinha me dito que essa seria sua última temporada", escreveu.

O episódio marcante com Walkner não foi o único de Gonçalves nos 13 anos em que disputou o Rali Dakar. Em 2012, Gonçalves voltou para ajudar Cyril Despres, concorrente direto dele na briga pela vitória na etapa, que havia ficado com a moto presa no barro. O caso, porém, causou polêmica pela atitude tomada pelo francês.

Ao sair do lamaçal, Despres seguiu viagem, deixando Gonçalves preso no barro sem auxiliá-lo. O português acabou perdendo mais de 15 minutos em relação ao adversário.

Paulo Gonçalves morreu no domingo (12) depois de um acidente na sétima etapa do Rali Dakar, que neste ano está sendo disputado na Arábia Saudita. O português de 40 anos caiu no quilômetro 276 da prova e estava inconsciente quando o auxílio médico chegou. Ele chegou a sofrer uma parada cardíaca e não pode ser reanimado.

O piloto deixa um legado vitorioso dentro de Portugal e um expressivo segundo lugar conquistado no Rali Dakar de 2015. Para os brasileiros, ele pode ser lembrado por ter vencido o Rali dos Sertões de 2013.

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