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Projeto de fome e paternidade


Por Flávio Lauria

31/01/2024 6h34 — em
Espaço Crítico



Poucas vozes, até por extravagância ou por ideologia burra de péssimo gosto se fizeram ouvir em oposição ao plano do presidente Lula de acabar com a fome no Brasil. Maioria delas, lembre-se de passagem, menos contra o mérito do projeto e sim quanto à forma de sua execução. Seu propósito, no geral, tem sido respeitado e louvado devidamente, ainda que para alguns seja considerado inexequível.

Fico no mérito. E torcendo, e até rezando a meu modo, para que ele resulte inteiramente exitoso. Nem poderia ser de outra forma. Tenho-o na conta de um projeto cujos objetivos transcendem em muito um simples programa de governo, uma motivação política estrito senso.

Seus fundamentos - como bem salientou Lula em seu discurso de posse - são de natureza ética, moral, humana. De sentimento cristão, enfim, no mais amplo significado da expressão.

A propósito, me ocorre a lembrança de que sua divulgação e execução devessem ser acompanhadas de uma pregação que lhe daria ainda maior alcance e profundidade.

Refiro-me a uma campanha que muito se relaciona com o propósito de extinguir com o flagelo da fome. Seu tema: paternidade responsável - assunto que lastimavelmente não foi sequer aflorado durante a última campanha eleitoral por nenhum dos candidatos à presidência da república e aos governos estaduais.

Escrevi "paternidade responsável" e apenas isso deliberadamente. Cautelosamente, deixei ao largo até mesmo a expressão planejamento familiar, mais distante ainda qualquer referência ao que se pudesse interpretar como uma pregação a favor do controle da natalidade.

No caso, não importa o nome que se venha a dar ao assunto. O que interessa é seu conteúdo, sua relevância como fator gerador de pobreza, de miséria, de fome, enfim, para milhões de brasileiros gerados irresponsavelmente em número cada vez maior do que a capacidade de provê-los por aqueles que os puseram no mundo.

Mais do que quaisquer palavras, do que os mais longos discursos a favor de uma larga pregação a favor da urgência de que o tema paternidade responsável seja devidamente considerado e transformado em realidade, falam as estatísticas que nos dão conta do número de crianças brasileiras que mendigam em nossas cidades e até mesmo nas estradas, em grande parte sendo usadas por seus pais como meios de arrecadação das esmolas para suprir a mais elementar das necessidades humanas, que é a fome.

Sobre o assunto, por hoje, fico nesta singela abordagem de duas calamidades nacionais que podem, devem e precisam ser enfrentadas conjuntamente: fome e paternidade irresponsável.

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