Trump aponta direção da economia do país, melhora de indicadores na Argentina e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Trump aponta direção dos próximos anos na economia do país, melhora de alguns indicadores na Argentina e outros destaques do mercado nesta terça-feira (21).
**TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE**
Donald Trump, 78, tomou posse como presidente dos EUA ontem. Além das companhias tradicionais, o novo braço forte do líder chamou a atenção. Dentro do Capitólio, acompanhavam a cerimônia líderes das maiores empresas de tecnologia do mundo.
Quem estava lá? A lista inclui donos de cinco das dez empresas mais valiosas do mundo. A fortuna dos três primeiros da lista os homens mais ricos do mundo soma US$ 885,1 bilhões (R$ 5,1 trilhões).
→ Elon Musk, dono do X, da Tesla e da SpaceX. É co-chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos EUA.
→ Mark Zuckerberg, CEO da Meta, dona do Facebook, Instagram, Whatsapp e Threads.
→ Jeff Bezos, fundador da Amazon.
→ Sundar Pichai, presidente da Google.
→ Tim Cook, CEO da Apple.
→ Shou Zi Chew, CEO do TikTok.
→ Sam Altman, presidente da OpenAI, que coordena o ChatGPT.
Musk doou mais de US$ 250 milhões (R$ 1,5 bilhão) para a campanha presidencial de Trump. Google, Amazon e Meta doaram US$ 1 milhão (R$ 6 milhões) para o fundo inaugural do republicano.
POR QUE?
Os dois lados tiram benefícios dessa relação. Trump tem as redes sociais no centro de sua estratégia política. Usou elas para manter sua base eleitoral inflamada quando estava longe do poder e era réu na Justiça.
Para ele, é ruim que as redes moderem seus discursos ou limitem o alcance de seus.
Já as empresas não desejam estar sob escrutínio de agências governamentais e dos tribunais dos EUA.
No mandato de Joe Biden, o cerco fechou para as big techs: o Google enfrenta investigações antitruste, o TikTok (quase) foi banido e medidas contra a desinformação nas redes, intensificadas.
ALINHAMENTO
Antes da posse, alguns dos CEOs citados visitaram a propriedade do presidente na Flórida, Mar-a-Lago. Outros, como Mark Zuckerberg, foram menos discretos. Ele acabou com o programa de checagem de fatos profissional nas redes sociais da Meta.
Enquanto isso Jensen Huang, o CEO da Nvidia, empresa de destaque no desenvolvimento de chips de inteligência artificial, aproveitou as festividades do ano-novo chinês em Pequim.
↳ Cada vez mais, os EUA criam legislações que barram a exportação de tecnologia avançada americana como os chips de IA da Nvidiapara a China.
↳ No entanto, o gigante asiático ainda corresponde a 17% da receita da Nvidia, que não quer perder esse mercado.
Huang afirmou que gostaria de encontrar-se com o presidente quando estiver nos EUA.
**AS OUTRAS IDEIAS DE TRUMP**
Em seu discurso inaugural, o recém-empossado pintou a América alcunha pela qual prefere chamar os EUA como um país pobre, fraco economicamente, infestado de criminosos e alvo de chacota global.
O declínio acaba aqui, enfatizou Trump.
Que declínio? Os americanos, sobretudo aqueles que votaram no republicano, andam descontentes com a economia. Os preços nas prateleiras dos supermercados aumentaram na reta final da pandemia, em 2022, e não voltaram ao nível que estava antes dela.
O nível de endividamento também aumentou, e as parcelas de carros, moradia e estudos começaram a comer mais da renda mensal nos últimos quatro anos.
Era de ouro...é como Donald Trump apelidou seu segundo mandato.
Voltaremos a ser o país da indústria, prometeu.
Em vez de cobrar impostos dos nossos cidadãos para enriquecer outros países, vamos criar tarifas para que outros países enriqueçam nossos cidadãos, disse.
Se os desejos de campanha se realizarem, produtos chineses terão um encargo de 60% para entrar nos EUA. Os canadenses e mexicanos, 25%.
A lógica é desestimular a importação e estimular a produção e o consumo local. A estratégia pode, entretanto, encarecer as coisas nos EUA e dificultar o acesso a itens mais baratos vindos do exterior, o que terminaria por aumentar o custo de vida.
O canal do Panamá está na mira. No mesmo discurso, Trump disse que o Panamá viola cláusulas do acordo selado em 1999, quando o país passou a controlar a estrutura construída com investimentos dos EUA.
Sem provas ou exemplos, disse que retomará o controle do canal liga os oceanos Pacífico e Atlântico, essencial para o comércio global e para a economia panamenha.
Trabalho? Só no escritório. O governante assinou uma ação executiva que instrui as agências federais a determinarem a volta dos funcionários ao trabalho presencial em tempo integral.
Em dezembro, em uma coletiva de imprensa, ele defendeu o retorno aos escritórios, sobretudo daqueles que trabalham para o governo. A expectativa é que o cerco ao trabalho no modelo home office aperte nos próximos quatro anos, e mais empresas passem a exigir a presença das equipes.
**ARGENTINA NO AZUL**
A Argentina registrou um superávit comercial recorde de US$ 18,9 bilhões em 2024, de acordo com dados oficiais divulgados ontem.
Na última semana, falamos algumas vezes sobre balança comercial e o que esta métrica significa. Se quiser ler sobre a brasileira, clique nesta edição. Sobre a chinesa, aqui.
RETOMANDO
A a balança comercial mede a diferença entre as exportações e as importações de um país. Quando um país vende mais do que compra, dizemos que houve superávit. Do contrário, déficit.
COMO?
Desde que assumiu o cargo no final de 2023, Javier Milei, presidente do país, apostou no aumento das exportações de grãos e energia, juntamente com a redução dos gastos públicos, em uma tentativa de controlar a inflação.
O valor das exportações do ano passado foi de quase US$ 80 bilhões, liderado pela agricultura e pecuária, enquanto as importações totalizaram quase US$ 61 bilhões, de acordo com dados do órgão oficial de estatísticas do governo.
E O BRASIL?
Está comprando. Foi o principal destino das exportações argentinas no ano passado, respondendo por 17% do total, seguido por compradores nos Estados Unidos e no Chile.
Então, está tudo bem na Argentina? Vamos com calma. As medidas tomadas por Milei estão melhorando alguns indicativos que são muito observados pelo mercado financeiro, como a balança comercial e a inflação.
No entanto, a vida dos argentinos ficou apertada desde o início das mudanças. A desigualdade aumentou e o poder de compra da população caiu.
Batendo na porta do FMI. O Fundo Internacional Monetário já emprestou muito dinheiro para a Argentina, e Milei quer mais. O país é o maior devedor da entidade.
Em encontro com Kristalina Georgieva, chefe da organização, ele negociou um novo crédito e espera que o também conservador Donald Trump dê aquela mãozinha na aprovação.
Quando (e se) consolidado, esse seria o terceiro acordo argentino com o órgão em apenas sete anos.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
MERCADO
Melania Trump também lança memecoin, e moedas preocupam executivos do mercado de cripto. Futura primeira-dama dos EUA segue o marido Donald Trump e cada tem o seu token personalizado.
ARGENTINA
Argentina tem superávit comercial recorde de quase US$ 19 bi no primeiro ano de Milei presidente. Valor supera recorde anterior, de US$ 16,89 bilhões, estabelecido em 2009.
MERCADO FINANCEIRO
Dólar cai entre principais economias após Trump adiar tarifas de importação. Moeda dos EUA cai na comparação com euro, libra, dólar canadense e peso mexicano.

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