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Setor de bares e restaurantes faz novo protesto contra restrições em SP

Por Folha de São Paulo

27/01/2021 16h35 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A categoria de restaurantes e bares voltou às ruas nesta quarta-feira (27) para protestar contra as restrições de funcionamento anunciadas pelo governo paulista na semana passada.

Segundo as novas regras da quarentena no estado de São Paulo, serviços não essenciais deixam de funcionar no período noturno, das 20h às 6h, e aos fins de semana e feriados, incluindo bares e restaurantes, que podem operar apenas por delivery.

No ato, manifestantes afirmaram que é financeiramente inviável para estabelecimentos do setor se manterem sem operar no horário do jantar durante a semana e aos finais de semana. O grupo também diz que as medidas podem causar nova onda de demissões e fechamentos.

Acompanhadas por um carro de som, cerca de 300 pessoas, entre chefs, donos de restaurantes e bares e seus funcionários, ocuparam duas faixas da avenida Paulista, em São Paulo, segurando cartazes como "a conta não fecha" e "não somos responsáveis".

Os manifestantes afirmavam que o aumento no número de casos na cidade está relacionado a festas ilegais e às viagens de fim de ano, e não ao funcionamento de restaurantes e bares.

"Estamos seguindo todos os protocolos e ninguém paga a nossa conta. O fim de semana é o período em que faturamos. É nesse momento que as pessoas se organizam para gastar mais dinheiro", diz Ivone Alba, dona da churrascaria Fogão Gaúcho, na Barra Funda.

Para Rodrigues Alves, dono do Ponto Chic, a situação se agrava porque muitos escritórios permanecem fechados e, com isso, o movimento das casas cai. "Estamos operando, mas o almoço durante a semana fica parado e temos que fechar à noite", diz. "Além disso, entendemos que essa é uma decisão errada. Quando os restaurantes, que são ambientes controlados, fecham, é gerado mais fluxo para as praias e mais reuniões privadas", diz.

Participaram do ato diferentes grupos de empresários, membros da UGT (União Geral dos Trabalhadores), da ANR (Associação Nacional de Restaurantes) e da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).

Dono do restaurante Lolla, no Itaim, o empresário Fábio Maluf afirma que o setor não tem caixa para se manter fechado porque já está fragilizado por meses de crise. "Fechamos muito tempo no ano passado, o preço da matéria-prima subiu com a inflação e o faturamento diminuiu. Essas duas situações somadas são devastadoras para restaurantes", afirma.

Donos de restaurante e bares afirmam que correm o risco de fazer demissões imediatas caso tenham que cumprir as restrições por mais duas semanas. Erik Momo, dono da rede de pizzarias 1900, afirma ter demitido 49 funcionários desde o começo da pandemia.

"Às vezes o cliente não entende a natureza do nosso negócio. Mas ninguém come pizza antes das 20h e, se eu não posso abrir, o que vou fazer com meu garçom?", diz.

Segundo Fernando Blower, diretor-executivo da ANR, o delivery responde por apenas 20%, em média, do faturamento dessas casas. "Por isso a conta não fecha. Já demitimos mais do que dez [fábricas da] Ford no Estado de São Paulo", diz.

O protesto aconteceu das 9h às 12h, entre o Masp e a rua da Consolação, com acompanhamento da Polícia Militar. Ainda nesta quarta-feira, o Sinthoresp, sindicato dos trabalhadores do setor, comanda outra manifestação motivada pela também pela insatisfação com as restrições.

Outra manifestação da categoria já havia ocorrido na sexta (22), nos arredores do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi (zona oeste da capital), depois de anúncio das medidas pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

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