São Paulo sediará Fórum Mundial de Economia Circular em maio
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - São Paulo vai sediar em maio deste ano a primeira edição na América Latina do Fórum Mundial de Economia Circular (WCEF, na sigla em inglês). Trata-se do maior evento global dedicado à transição de um modelo de economia linear, baseado na tríade extrair, produzir e descartar, para uma economia circular, que promove uso racional e eficiente de recursos, mantendo sua circulação pelo maior tempo possível.
Criado em 2016 pelo Fundo Finlandês de Inovação Sitra em parceria com organizações internacionais, o fórum é um evento anual que reúne lideranças dos setores de negócios, governo, finanças, pesquisa e sociedade civil na busca por soluções para os desafios globais da atualidade a partir de inovações circulares.
Para isso, a nona edição do WCEF quer explorar o potencial das soluções tropicais para o crescimento sustentável e vai tratar da economia circular como uma ferramenta de desenvolvimento e um caminho para se atingir metas climáticas, como redução das emissões de carbono, transformação de resíduos em novas matérias-primas, preservação da biodiversidade e regeneração da natureza.
"Estamos continuamente perdendo um enorme valor que poderia acelerar nossas economias", afirma Kari Herlevi, diretor do Programa de Economia Circular do Fundo de Inovação Finlandês Sitra.
Relatório da Organização Internacional do trabalho (OIT) afirma que a transição para uma economia circular tem o potencial de criar 7 milhões de empregos globalmente 4,8 milhões apenas na América Latina e no Caribe.
"Os investimentos estão cada vez mais direcionados a negócios e projetos circulares. O setor financeiro começou a abraçar as oportunidades da economia circular, e as empresas estão implementando estratégias circulares para obter vantagem competitiva e responder às mudanças de comportamento dos consumidores", afirma Herlevi.
Os encontros e painéis do WCEF acontecem de 13 a 16 de maio na Oca e no Auditório Oscar Niemeyer, no Parque Ibirapuera, e vão abordar as estratégias circulares das indústrias e as mudanças sistêmicas necessárias para impulsionar a transição para a economia circular a partir de sessões colaborativas de especialistas do Norte e Sul global.
A expectativa é de que o evento tenha mais de 150 países representados e 1200 convidados presenciais, além de uma versão online aberta ao público.
O fórum chega ao Brasil depois de passar por países como Japão, Canadá, Ruanda e Bélgica, numa parceria com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-SP).
"Este é um tema da agenda da indústria, que se materializa tanto nas cadeias de produção como no consumo e nas regulações. É uma economia que nós queremos e que o mundo necessita", afirmou Kalil Cury Filho, diretor-adjunto do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Fiesp. "É uma questão de custo e de racionalizar o uso das matérias-primas, evitando desperdícios."
Para Anícia Pio, gerente do mesmo departamento da Fiesp, é fundamental que essa transição seja "inclusiva e justa, que são premissas dessa nova economia". Ela conta que a Fiesp abriu uma chamada para cases de circularidade na indústria brasileira e recebeu quase 200 inscrições.
Os sistemas de produção circular envolvem a simbiose de uma série de atores nas cadeias produtivas e têm ganhado cada vez mais força no país. Uma pesquisa realizada em 2024 pela CNI e o Centro de Pesquisa em Economia Circular da Universidade de São Paulo (USP), junto à base industrial nacional, revelou que 85% das indústrias brasileiras já adotam pelo menos uma prática de economia circular.
"A indústria é essencial na transição para uma economia circular e pode contribuir mais", aponta o superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo. Para ele, trata-se de uma questão de competitividade. "Promover o uso eficiente de recursos e a redução de emissões impacta nos custos e também na reputação dos negócios. "O consumidor cada vez mais coloca essas práticas na balança na hora da tomada de decisão", avalia.

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