Produtores rurais dormem preocupados e acordam aliviados com risco de geada em SP
RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O frio chegou com intensidade nesta quarta-feira (18) e, com ele, houve registro de geada em pontos isolados, mas não o suficiente para causar grandes perdas em lavouras do interior de São Paulo.
Produtores rurais que estavam preocupados com o risco de os prejuízos nas lavouras repetirem o cenário de julho do ano passado, quando culturas como o café foram muito prejudicadas, relataram nesta quarta acreditar que o pior já passou.
A massa de ar polar que tem avançado sobre o Brasil trouxe o frio intenso, mas ele foi um pouco mais brando do que o previsto anteriormente, o que aliviou preocupações com geadas mais severas.
"Não vai cair mais [geada]. A gente estava com medo, mas graças a Deus não vai, ainda bem que não veio", disse o cafeicultor José Henrique Mendonça, presidente do Sindicato Rural de Franca e que possui fazenda em Cristais Paulista, município vizinho.
No ano passado, o prejuízo com a geada foi de cerca de 40% da produção na região da Alta Mogiana, uma das grandes produtoras do país.
Em Mogi das Cruzes, houve produtor de hortaliças que separou lona plástica para cobrir a plantação e minimizar o prejuízo, mas não foi necessário usar.
"Isso não significa que eu conseguiria salvar a lavoura, mas ajudaria a minimizar danos. Se a temperatura ficar abaixo de 0ºC por horas, o prejuízo é certo", afirmou José Benedito Oliveira.
Foram registradas ocorrências pontuais de geada em cidades como Mogi Guaçu, onde pomares de laranja amanheceram com uma leve geada, insuficiente para causar danos às árvores --que são mais resistentes às baixas temperaturas que outras culturas, como hortaliças.
Pomares de citros também foram atingidos parcialmente em áreas de baixadas na zona rural de Conchal e Mogi Mirim. Já em São Joaquim da Barra e em Luiz Antônio houve registro de gelo em áreas de cana-de-açúcar.
Em outros estados, houve registros, por exemplo, de geadas em Dourados, Bandeirantes e Sidrolândia (MS), mas sem danos em grande escala.
O risco de geada fez muitos produtores rurais irem ainda mais cedo para o campo para conferir eventuais problemas.
Foi o caso da produtora de couve-manteiga Beatriz Sabino Almeida, 29, de Mogi das Cruzes, que tinha separado lotes de melaço para ajudar a cicatrizar eventuais danos à sua produção de cerca de um hectare (10 mil metros quadrados).
"Foi sem geada, graças a Deus. Não soube de nenhum produtor que tenha sido afetado", disse.
O risco de geada tem feito com que produtores rurais de São Paulo utilizem receitas e desenvolvam técnicas para proteger as lavouras.
Nas mais variadas culturas, produtores adotam tanques de metal com serragem e óleo para fazer fumaça e tentar reduzir a intensidade da geada, enquanto outros durante o ano apostam no fortalecimento da planta para que ela suporte as baixas temperaturas e o gelo.
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