Mercado financeiro parece alheio ao mundo em maus bocados, todo mundo vai ver a IA virar colega de trabalho e o que mais importa no mercado nesta quarta-feira (18)
(FOLHAPRESS) - O mercado financeiro parece alheio ao fato de que o mundo anda em maus bocados, mesmo em época de festa junina, o Congresso não para de trabalhar, todo mundo vai ver a IA virar colega de trabalho, a Ferrari se apega ao clássico e o que mais importa no mercado nesta quarta-feira (18).
O MERCADO NÃO LIGA PARA A GUERRA?
Tensões comerciais para todo o lado, bombardeios para lá, bombardeios para cá, as deportações em massa colocam os negócios americanos em perigo e o S&P 500, índice usado para medir o desempenho das principais ações da bolsa de Nova York, está perto de bater mais um recorde.
Parece contrassenso dizer que o mercado acionário vai de vento em popa enquanto o mundo treme na base, mas é o que está acontecendo -e não somente nos EUA.
- O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, pode chegar aos 140 mil pontos no final do ano, segundo projeções do Bank of America.
- O S&P 500 está muito perto de registrar alta recorde, e a volatilidade que marcou o mês de abril parece ter aquietado o facho.
**Por quê?**
Um dos motivos é a ansiedade danada que o presidente americano, Donald Trump, causou no mercado com o anúncio do tarifaço em 2 de abril. O susto foi tão grande que o restante que veio depois parece não abalar a moral dos investidores.
Ainda, há um entendimento silencioso (às vezes, nem tanto) de que o republicano está disposto a voltar atrás de algumas decisões, sobretudo as que pressionam a economia doméstica.
Outro fator para a tranquilidade é que os indicadores econômicos ainda não indicaram arrefecimento da atividade, mesmo com a confusão generalizada. Isso induz à esperança de que o impacto não seja tão grande quanto o projetado. Contudo, será que demos tempo suficiente para que as novidades apareçam no papel?
- O S&P 500 acumulou alta de 2,37% do início do ano até o momento;
- O Nasdaq Composite, de 1,09%;
- O Ibovespa, de 15,58%.
**Tirando as camadas **
dá para ver que há muita tensão acumulada no universo financeiro. O New York Times aponta que o mercado de derivativos ainda se prepara para uma queda acentuada nas ações mais tarde neste ano.
Nos títulos públicos, como os bonds, os títulos da dívida americana, há apreensão relacionada ao aumento do déficit fiscal para além do que os aportadores conseguem segurar.
**Enviesados?**
Alguns especialistas dizem que sim, índices como o S&P 500 ou o Nasdaq Composite podem estar sendo carregados por um grupo pequeno de empresas -o que significa que eles não seriam uma fonte confiável para entender o sentimento do mercado.
Os índices são calculados de uma forma que empresas maiores têm o maior impacto nos resultados. Por isso, as sete magníficas -Microsoft, Tesla, Nvidia, Apple, Meta, Alphabet e Amazon podem estar carregando sozinhas os resultados positivos.
FERIADO? QUE NADA
O período de festas juninas não costuma ser muito agitado em Brasília -muitos congressistas retornam às bases na época para participar das festas populares e as votações ficam na geladeira.
Contudo, nos dias que faltam para o feriado de Corpus Christi (que começa amanhã, caso tenha esquecido), muita coisa aconteceu na capital federal. Vamos resumir as principais decisões.
**Porteira aberta para os jabutis**
Talvez você tenha esquecido que certos setores estavam tentando passar algumas despesas para a sua conta de luz.
O Congresso derrubou ontem vetos do presidente a uma variedade de jabutis em uma lei que regula o investimento em usinas eólicas off-shore, ou seja, turbinas no meio do oceano.
Jabuti é um jargão da política para trechos colocados em um projeto que têm muito pouco (ou nada) a ver com a proposta central.
A decisão favorece o empresariado do setor e pesa no bolso do consumidor: a expectativa é que os vetos derrubados podem custar ao todo R$ 197 bilhões na conta de luz até 2050, nas contas da Abrace (Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres).
**Investigação pão e circo**
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), criou ontem a CPI do INSS, ao ler o requerimento que solicita a inauguração de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar as fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Ainda que a oposição ao governo esteja deixando a orelha do parlamentar quente, as atividades só devem começar no 2º semestre.
**Congresso 1 x 0 Lula**
O governo tomou uma sacolada da oposição e da própria base no Congresso, quando 346 parlamentares votaram pela aprovação de um requerimento de urgência do projeto que derruba as mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) anunciado pelo Ministério da Fazenda.
A medida teve apoio em massa de partidos com 12 ministérios na Esplanada: União, PP, PSD, Republicanos, MDB e PDT.
A urgência acelera a tramitação de uma proposta na Câmara, fazendo com que ela não precise ser analisada nas comissões temáticas e siga direto para apreciação em plenário.
TODO MUNDO VAI SOFRER
Ninguém vai sofrer sozinho, todo mundo vai sofrer, cantou Marília Mendonça. Os versos falam de amor, mas também poderiam estar falando do futuro do trabalho.
Andy Jassy, CEO da Amazon e sucessor de Jeff Bezos, disse que todos os empregos -até o dos executivos de colarinhos brancos- serão ameaçados pela inteligência artificial. Em resumo, todos os cargos estão em perigo, desde que a substituição deles resulte em um ganho de eficiência.
Surpresa? Não exatamente. A discussão sobre a perda de empregos humanos para a tecnologia precede a IA anos-luz. Sobretudo no mundo corporativo, o ganho de eficiência quase sempre se sobressai.
Mas não deixa de ser chocante ler uma afirmação como esta vindo da caneta do líder de uma das maiores empresas do mundo.
É difícil saber exatamente onde isso nos levará com o tempo, mas nos próximos anos, esperamos que reduzirá nossa força corporativa de trabalho total, à medida que ganhamos eficiência a partir do uso extensivo da IA na companhia, escreveu Jassy em uma publicação na rede interna de funcionários.
Muitos destes agentes [de IA] ainda não existem, mas não se enganem, estão vindo, e vindo rápido, continuou.
**Não colou**
A reação óbvia dos funcionários da Amazon foi de descontentamento. Segundo fontes internas relataram ao portal Business Insider, executivos descascaram a mensagem do chefe nos canais do Slack, aplicativo de comunicação interna de empresas.
A maioria alertava para a mudança de mentalidade na companhia e para os riscos da dependência exagerada nos cérebros eletrônicos.
**Revolução**
Outros cabeças da indústria tecnológica já haviam cantado esta bola. O CEO da Anthropic, empresa de inteligência artificial, Dario Amodei, disse em entrevista à CNN americana que a tecnologia vai impulsionar o desemprego antes do que os líderes políticos e corporativos despreparados esperam. Sentiu?
Os críticos a esta opinião afirmam que não há base científica para este tipo de afirmação e, ainda que a substituição de algumas funções seja provável, ainda não dá para ver o impacto nas contratações.
CAVALO ANDA DE RÉ
Enquanto a China domina a passos largos o mercado dos elétricos, montadoras do lado de cá do globo parecem estar dando para trás na transição para este tipo de modelo. Se é medo ou se é proposital, não sabemos.
A Ferrari adiou os planos de lançar o segundo modelo totalmente elétrico de 2026 para 2028, segundo uma fonte próxima ao assunto. A mais luxuosa entre as luxuosas justificou a decisão afirmando que não há demanda suficiente para ele. Será?
- Na comparação entre 2023 e 2024, as vendas de carros elétricos cresceram 25%, segundo a Agência Internacional de Energia;
- No Brasil, o crescimento foi de 219% no mesmo período, de acordo com dados da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico).
**Inovando**
Os motores à combustão da fabricante italiana ganharam o mundo. Ela vende modelos híbridos desde 2019 e começa a apresentar o primeiro elétrico em outubro deste ano. O uso do começa na frase anterior não é à toa.
A marca está fazendo um estardalhaço sobre a estreia na modernidade: o lançamento será feito em três estágios e termina na primavera do Hemisfério Norte (outono do Hemisfério Sul) do próximo ano.
As primeiras entregas estão previstas para outubro de 2026.
**Medinho**
A Ferrari está fazendo bastante suspense sobre o lançamento, o que leva à pergunta inevitável. Tudo isso é para divulgar um produto perfeito ou é medo de não oferecer um carro à altura da imagem da montadora?
A começar pelo fato de que os carros elétricos não ecoam o ronco do motor a combustão, tão característico dos modelos esportivos. Ainda, os motores elétricos são pesados e não têm a mesma potência contínua que o rival, o que diminui a performance do veículo.
**Baixo interesse**
Fato é que o mercado não espera que a Ferrari entregue um elétrico que seja tão icônico quanto seus carros vermelhos e barulhentos movidos a combustíveis fósseis.
Por que não deixar cada um no seu quadrado? Nem todo mundo precisa se especializar em tudo.
A Ferrari não quis comentar as informações.
O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER
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