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Governo alinha discurso com Congresso, nega jabutis na MP da Eletrobras e diz que térmicas são necessárias

Por Folha de São Paulo

22/06/2021 12h05 — em
Economia



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Apesar de ceder à pressão no Congresso para aprovar a MP (medida provisória) que abre caminho para a privatização da Eletrobras, o governo adotou um discurso em defesa das alterações no setor de energia que não estavam na proposta original, chamadas de jabutis.

"É legítimo que isso aconteça", disse o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, nesta terça-feira (22).

Para aprovar a MP, o Congresso incluiu no texto a determinação de que seja realizada a a contratação de usinas termelétricas a gás e pequenas centrais hidrelétricas em regiões do país, além de prorrogar os contratos do Proinfra (Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica).

Essa medida coloca o governo e o Congresso em lado oposto a associações do setor elétrico.

Segundo Mac Cord, a ampliação da geração de energia por meio de usinas a gás já estava nos planos traçados pelo MME (Ministério de Minas e Energia). "Essa contratação já seria feita".

Ele afirmou ainda que usinas a gás são mais baratas que termelétricas a óleo, que serão acionadas neste ano diante da falta de chuvas.

A União pela Energia, que reúne entidades do setor elétrico, estima que os jabutis poderão ter um custo de até R$ 84 bilhões nos próximos anos, além de piorar a percepção de segurança jurídica entre investidores.

Mac Cord contesta esse cálculo. De acordo com o secretário, os dados divulgados tiveram o objetivo de "tumultuar o processo".

O governo diz que, apesar dos jabutis, haverá redução no preço de energia e chama a proposta de uma modernização no setor elétrico. O MME chegou a prever uma queda da tarifa entre 6% e 7% com base na primeira versão que foi aprovada pela Câmara, no fim de maio.

Essa estimativa, portanto, passará por revisão. Mesmo assim, o secretário do Ministério da Economia nega o aumento da tarifa.

Para o governo, a crise hídrica em 2021 deverá aumentar o custo de energia no curto prazo, mas isso precisa ser separado do efeito da privatização da Eletrobras, que, segundo a pasta de Minas e Energia, é de redução na tarifa.

Pelo novo texto, serão distribuídos 1 GW para a Região Nordeste, 2,5 GW para a Região Norte, 2,5 GW para a Região Centro-Oeste e 2 GW para a Região Sudeste. No fim de maio, a Câmara chegou a aprovar uma versão que previa 6 GW. Essa contratação, portanto, foi ampliada no Senado na semana passada e confirmada nesta segunda pela Câmara.

Mac Cord reconheceu que os requisitos previstos pelo Congresso para a contratação dessas usinas podem criar dificuldades.

"Decidiram colocar especificidades que talvez crise algumas dificuldades para a contratação de térmicas, mas foi uma escolha deles. Quando o governo abrir esse leilão, o mercado vai apresentar as propostas, talvez sem gasoduto, talvez com gasoduto, mas tem que respeitar o preço-teto", disse o secretário.

O Congresso concluiu a aprovação da MP nesta segunda (21). O texto segue agora para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

O governo espera realizar a operação de privatização até fevereiro de 2022.

Depois da sanção, serão definidas as premissas de modelagem da operação. Isso será posteriormente analisado pelo BNDES. Em seguida, é avaliado pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

Se as regras forem homologadas, será iniciado o rito legal e burocrático para a operação. Isso envolve a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e a própria Eletrobras, por exemplo, com uma assembleia de acionistas da estatal.

A MP permite o aumento de capital da Eletrobras por meio da diluição da participação da União no controle da empresa. A ideia é que a companhia lance ações com direito a voto (ordinárias), diminuindo para cerca de 45% a fatia que a União tem hoje na elétrica. A MP permite ainda que a União faça uma oferta secundária de ações, vendendo sua própria participação na empresa.


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