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Fundador da rede Ricardo Eletro é preso em SP por sonegação fiscal de R$ 390 mi

Por Folha de São Paulo

08/07/2020 19h26 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O empresário Ricardo Nunes, fundador e ex-controlador da Máquina de Vendas, dona da rede Ricardo Eletro, foi preso na manhã desta quarta-feira (8) em São Paulo em uma operação que investiga sonegação fiscal de R$ 387 milhões de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em Minas Gerais.

Apelidada de "Direto com o Dono", a operação prendeu também Laura Nunes, filha do empresário, em Belo Horizonte.

Pedro Magalhães, diretor financeiro da Máquina de Vendas, teve mandado de prisão decretado, mas não foi localizado em sua casa, em Santo André, e é considerado foragido.

A força-tarefa investiga a sonegação de ICMS em Minas Gerais ao longo de cinco anos, entre 2014 e 2019, por empresas controladas nesse período por Ricardo Nunes. A operação foi comandada pelo Ministério Público de Minas Gerais, pela Secretaria da Fazenda mineira e pela polícia civil do estado.

No ano passado, a Máquina de Vendas foi a 22º maior varejista do país segundo o ranking elaborado pelo Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado), com receita anual estimada em R$ 5,5 bilhões. No mesmo ranking, em 2011, ela estava em 5º lugar.

A companhia está em recuperação extrajudicial desde o ano passado, e tem como seus principais credores bancos, fornecedores e a gestora de fundos Starboard.

A empresa e outras companhias ligadas a Nunes recolhiam o ICMS embutido no preço dos produtos, mas não repassava ao Estado, segundo investigação do Ministério Público de Minas Gerais.

A Justiça de Minas Gerais determinou também o sequestro de imóveis de Ricardo Nunes avaliados em aproximadamente R$ 60 milhões, para pagamento da dívida tributária.

Ao todo, a força-tarefa da operação "Direto com o Dono" cumpriu nesta quarta quatorze mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Contagem (MG), Nova Lima (MG), São Paulo e Santo André.

Um segurança de uma das casas em que os policiais cumpriam mandado de prisão foi detido por tentar impedir a entrada dos agentes, segundo o governo mineiro.

O Ministério Público de Minas Gerais diz que a investigação ganhou força após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), de dezembro de 2019, "que definiu como crime a apropriação de ICMS cobrado de consumidores em geral e não repassados ao Estado".

Em 2011, Ricardo Nunes já havia sido condenado pela Justiça Federal a três anos e quatro meses de prisão pelo crime de corrupção ativa por ter pago propina em 2008 a um auditor fiscal da Receita Federal para que a Ricardo Eletro não fosse autuada por sonegação de impostos em Minas Gerais.

O esquema envolvia a contabilização de vendas por valores inferiores ao cobrado dos consumidores.

Procurada, a Ricardo Eletro afirma que Nunes e seus familiares deixaram de ser acionistas da Máquina de Vendas no ano passado. Hoje, a empresa é controlada pela MV Participações, que teve Nunes como diretor até 9 de outubro de 2019.

Pedro Henrique Torres Bianchi foi escolhido na mesma data diretor da MV Participações. O executivo diz em seu perfil no LinkedIn, que é presidente da Máquina de Vendas desde janeiro.

Questionada sobre seus atuais controladores, a Máquina de Vendas não respondeu. "A Ricardo Eletro pertence a um fundo de investimento em participação, que vem trabalhando para superar as crises financeiras que assolam a companhia desde 2017, sendo inclusive objeto de recuperação extrajudicial devidamente homologada perante a Justiça, em 2019", disse a companhia em nota.

Segundo a Ricardo Eletro, a operação desta quinta "faz parte de processos anteriores a gestão atual da companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares" que não teriam ligação com a companhia.

Pessoas familiarizadas com a empresa, no entanto, afirmam que Nunes mantém influência na diretoria atual da Máquina de Vendas.

"Em relação à dívida com o Estado de MG, a Ricardo Eletro reconhece parcialmente as dívidas e, antes da pandemia, estava em discussão avançada com o Estado para pagamento dos tributos passados", afima a empresa.

A reportagem não conseguiu localizar as defesas do empresário Ricardo Nunes, de sua filha Laura Nunes e do executivo Pedro Magalhães.

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