Dólar volta a cair e é vendido a R$ 3,105
RIO - Numa sessão marcada pela volatilidade, o dólar comercial voltou a cair e é vendido a R$ 3,105, com desvalorização de 0,51%. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tem queda de 1,4%, a 63.955 pontos, enquanto investidores embolsam os ganhos dos últimos dias — no mês, chegam perto de 10%.
, pressionada pelo fluxo de recursos trazido pela lei de repatriação e notícias positivas sobre a tendência da economia do país. Porém, após o encerramento dos negócios, o BC informou que não vai rolar os contratos de cambial — que equivalem à venda de dólar no mercado futuro — que vencem em 1o de novembro. A medida foi tomada diante da possibilidade de a entrada de dólares no país provocar alguma turbulência.
— A tendência é que o mercado fique mais enxuto, sem a rolagem dos swaps — diz Jaime Ferreira, superintendente de câmbio da corretora Intercam. — Os investidores ficaram mais precavidos, ainda mais quando chegaram notícias dos EUA.
A divulgação do recuo no índice de confiança dos consumidores em outubro, medida pelo Conferece Board, contribuiu para a mudança de humor. No mercado global, crescem as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) promoverá alta de juros no fim deste ano. O Dollar Index Spot, que compara a divisa com dez moedas globais, sobe 0,31%. Em relação ao euro, a moeda americana sobe 0,2%, a US$ 1,0857, atingindo a maior cotação desde março.
Apesar da valorização de hoje, a expectativa é de que a moeda americana continue caindo.
— O dólar deve se manter próximo de R$ 3,10 — afirma Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos. — Além da entrada de recursos no país, a valorização do real se deve à costura mais conservadora do Banco Central, pois juros altos mantém a moeda apreciada.
Na Bovespa, os investidores digerem as informações , que credita o início do ciclo de redução dos juros ao recuo da inflação e aos esforços do governo para aprovar medidas de ajuste fiscal.
A desvalorização da Bolsa é puxada por Petrobras: as ações ON (ordinárias, com direito a voto) têm queda de 2,16%, a R$ 18,95, e o papel PN (preferencial, sem direito a voto) perde 1,59%, a R$ 17,91.
No setor bancário, o dia também é de perdas. Banco do Brasil recua 2,55%. Bradesco tem depreciação de 1,5%. Itaú cai 1,16%.
Favorecida pela disparada do minério de ferro na China, Vale ganha 3% no papel PN e de 2,5% no ON. Notícias sobre a retomada de discussões para a venda de sua divisão de fertilizantes também animam a compra de papeis da mineradora.
Na esteira da alta do minério de ferro, além de Vale, as siderúrgicas têm alta: CSN ganha 2%, Gerdau avança 1,9% e Usiminas sobe 1,47%. A Bradespar, acionista da Vale, avança 1,6%.
Com os investidores aprovando os esforços do governo para aprovar as medidas de ajustes fiscal, os Credit Default Swaps (CDS, espécie de seguro contra risco de inadimplência do país) estão em queda de 4,1 pontos-base. Em cinco dias, os contratos acumulam recuo de 7,9 pontos-base.
A demanda por aço na China, maior produtor e consumidor do mundo está dando suporte aos preços do minério de ferro, que já subiram ontem. Hoje, os contratos futuros no país saltaram 6% nesta terça-feira, para o nível mais alto em mais de dois anos. No mercado à vista, commodity fechou com valorização de 4,9%.
Também na China, o governo sugeriu nova desvalorização da moeda yuan na paridade de 6,7744 por dólar.
O petróleo, que ontem fechou em queda, hoje tem alta, após notícias de que uma autoridade da Opec, que reúne países exportadores, vai a Bagdá negociar o congelamento da produção. O barril de Brent, referência para o mercado brasileiro, avança 0,14%, a US$ 51,60. A desvalorização de ontem se deu após o Iraque se distanciar das negociações com outros grandes produtores.
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