Condenado por matar mulher ao dirigir embriagado é investigado em esquema de fraudes do CNU
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Investigado em esquema de fraudes no CNU (Concurso Nacional Unificado), o psicólogo Eduardo Henrique Paredes do Amaral foi condenado, em 2013, a 12 anos de prisão em regime fechado pela morte de uma defensora pública.
Aprovado para o cargo de AFT (Auditor-Fiscal do trabalho) na primeira fase do CNU 2024, Paredes teria apresentado um gabarito idêntico ao de outros investigados pela PF (Polícia Federal). Ele não passou, no entanto, no curso de formação, etapa obrigatória que incluía duas provas. O cargo para o qual disputava uma vaga tem remuneração inicial de R$ 22.921,71.
Segundo o processo, em janeiro de 2010, o carro dirigido por Paredes avançou um sinal vermelho e atingiu o veículo da defensora em um cruzamento em João Pessoa (PB). A Justiça concluiu, na ação, que Paredes estava embriagado.
A reportagem procurou a defesa de Paredes desde 23 de outubro, que não respondeu até a publicação desse texto.
Reportagem feita pelo TJ-PB (Tribunal de Justiça da Paraíba) após sua condenação diz que, em depoimento realizado durante o julgamento, ele negou estar alcoolizado e afirmou que se distraiu. Também contestou a informação de que teria passado no sinal vermelho, alegando que o semáforo estaria piscando em amarelo nos dois sentidos.
Em junho do mesmo ano, Paredes foi investigado por homicídio em outro acidente de trânsito, no qual atropelou e matou uma dona de casa que atravessava uma rua em João Pessoa, segundo o processo.
Ele foi condenado a dez anos e seis meses de reclusão. Nesse processo, o psicólogo também foi investigado por supostamente forjar o furto do veículo para se eximir da responsabilidade pelo crime. Segundo os autos, a simulação teria resultado no pagamento indevido de uma indenização de seguro de R$ 45.716 a sua tia, proprietária do carro. O caso foi prescrito, e não houve condenação.
A investigação aponta que Paredes estaria envolvido no esquema de fraudes de concursos públicos por haver uma transferência de R$ 7.310,37 para uma empresa de pagamentos que, segundo a PF, seria apenas de fachada. O comprovante da transferência foi encontrado na nuvem de Laís Giselly Nunes de Araújo, citada no relatório como líder da organização, em parceria com seu namorado Thyago José de Andrade.
Em nota, a defesa de Laís diz que, em sua trajetória de vida, sempre foi estudiosa e que ela "não pode receber da mídia a condenação de fraudulenta, antes mesmo do trânsito em julgado do processo". A defesa técnica de Thyago de Andrade afirma ter certeza da inocência e dos equívocos neste processo e que, em momento oportuno, irá provar toda inocência do investigado.
INVESTIGAÇÃO SOCIAL E RESTRIÇÃO SÓ VALEM NA POSSE
Segundo Luiz Rezende, coordenador pedagógico do Qconcursos, algumas seleções incluem uma etapa de investigação social, mas ela costuma se restringir a cargos ligados às forças de segurança, como as polícias e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
O professor Eduardo Cambuy, do Gran Concursos, reforça que o CNU é aberto a qualquer candidato, sem exigências prévias de formação ou antecedentes criminais. Ele explica que é possível até prestar prova para áreas específicas, como medicina, mesmo sem o diploma correspondente. As restrições só passam a valer no momento da posse, quando são verificados os requisitos formais para o cargo.
*
Colaborou Iran Alves
ASSUNTOS: Economia