Comitê da Petrobras dá aval para nomeação de indicado de Bolsonaro
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Apesar dos questionamentos sobre compatibilidade com a Lei das Estatais, a nomeação de Caio Paes de Andrade à presidência da Petrobras foi aprovada pelo comitê responsável por analisar os currículos de indicados a cargo de chefia na empresa.
Sua posse agora depende de aval do conselho de administração da companhia, que deve se reunir de forma extraordinária para debater o tema na próxima segunda-feira (27). Após a reunião desta sexta (24), os petroleiros afirmaram que vão à Justiça tentar impedir a nomeação.
Em comunicado, a Petrobras diz que a decisão foi por maioria, mas não dá detalhes sobre como votaram os membros do comitê.
Paes de Andrade será o quarto presidente da Petrobras no governo Jair Bolsonaro (PL). Ele substitui José Mauro Coelho, demitido pelo presidente da República pouco mais de um mês após tomar posse, em meio a pressões contra reajustes nos preços dos combustíveis.
Antes de Coelho, Bolsonaro já havia demitido o general Joaquim Silva e Luna e Roberto Castello Branco, o primeiro executivo a comandar a estatal em seu governo. Em todos os casos, as demissões foram motivadas pela escalada nos preços.
A indicação de Paes de Andrade foi questionada inicialmente por não preencher requisitos estabelecidos pela Lei das Estatais, como formação acadêmica compatível e experiência mínima de dez anos no setor de energia ou em empresa do porte da Petrobras.
Ele é formado em comunicação social e fez carreira em uma empresa de investimentos em startups de tecnologia até assumir cargo no governo Bolsonaro. Ocupava uma secretaria no Ministério da Economia quando foi indicado para chefiar a Petrobras.
A resistência, porém, foi perdendo força sob o argumento de que a indefinição sobre o comando da companhia gera instabilidade nas ações e em sua gestão.
Sindicatos de trabalhadores da companhia, porém, prometeram "buscar meios legais" para questionar a nomeação, tanto na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), quanto em órgãos de controle e na Justiça.
Na quinta (23), a Anapetro (Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras) e a FUP (Federação Única dos Petroleiros) enviaram carta ao conselho de administração pedindo a rejeição ao nome.
Os petroleiros veem na nomeação de Paes de Andrade um movimento no sentido da privatização da Petrobras, que tem apoio nos ministérios de Minas e Energia e da Economia, e prometem greve nacional caso o processo avance.
Com a popularidade atingida pela escalada inflacionária, Bolsonaro vem atacando a política de preços dos combustíveis e disse na quinta que o novo conselho de administração pode promover mudanças. Para renovar o colegiado, ele indicou uma lista formada majoritariamente por ocupantes de cargos públicos.
As indicações incluem o número dois da Casa Civil, Jonathas Assunção, o procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano de Alencar, e Ieda Aparecida Moura Gagni, presidente do conselho do Banco do Brasil e com passagem por diversos órgãos públicos, incluindo a Fazenda Nacional.
Os nomes ainda estão sendo analisados pelo comitê interno, mas algumas indicações, como a de Assunção, também são questionadas por descumprimento da Lei das Estatais. Ainda não há data para a assembleia que renovará o conselho.
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