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Bolsas nos EUA recuam 4% e têm maior queda desde junho de 2020

Por Folha de São Paulo

18/05/2022 18h06 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O sentimento de maior cautela voltou a dar o tom nos mercados financeiros nesta quarta-feira (18), com queda das Bolsas globais e nos preços das commodities. Riscos relacionados à inflação e ao crescimento da atividade econômica em escala global voltaram a pesar no humor dos investidores.

As Bolsas americanas registraram os piores recuos desde junho de 2020. O S&P 500 marcou desvalorização de 4,04%, o Dow Jones, 3,57%, enquanto o Nasdaq recuou 4,73%.

No Brasil, o Ibovespa encerrou o dia em baixa de 2,34%, aos 106.247 pontos, puxado para baixo pelas ações de commodities e dos grandes bancos. Foi a primeira queda após cinco sessões consecutivas de alta.

O desempenho ruim nesta quarta mostra uma mudança de humor dos investidores em relação à véspera, quando o apetite ao risco dominou os mercados em meio às perspectivas de relaxamento nas restrições de mobilidade na China.

A maior aversão ao risco nesta quarta levou o dólar a ganhar força frente ao real.

Após ter fechado na véspera com queda de 2,2%, a moeda americana retomou a tendência de alta e fechou nesta quarta-feira (18) cotada a R$ 4,9840, valorização de 0,87% ante a sessão passada. Na máxima do dia, a moeda chegou a encostar em R$ 5,001.

O dia foi de fortalecimento da moeda americana em escala global. O DXY, índice que mede a força do dólar contra uma cesta de moedas, avançava 0,54% por volta das 17h30.

O preço do barril de petróleo do tipo Brent marcava baixa de 2,65%, a US$ 108,99, arrastando junto ações de empresas do setor. Os papéis ordinários da Petrobras recuaram 2,26%, enquanto os preferenciais tiveram perdas de 1,64%.

Também pesou para os preços da commodity a redução nas preocupações de operadores do mercado com uma crise de oferta depois que dados do governo americano mostraram que as refinarias dos Estados Unidos aumentaram a produção.

Já a cotação do minério de ferro negociado no mercado chinês também recua na sessão, contribuindo para a depreciação em torno de 2,5% das ações da Vale.

Analistas dizem que ainda não há um fim no horizonte para os desafios da Covid-19 na China, apesar da melhora da situação em Xangai que apoia o relaxamento das restrições.

O Goldman Sachs reduziu nesta quarta a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da China 2022 para 4%, de 4,5%, como resultado dos danos à economia relacionados à Covid-19 no segundo trimestre deste ano.

No setor financeiro, os papéis dos grandes bancos também experimentaram um dia de perdas generalizadas, com queda de 2,77% do Santander e de 1,86% do Bradesco.

As ações da Eletrobras também fecharam em baixa, de 0,73%, na expectativa da retomada de discussões sobre a privatização da companhia no TCU (Tribunal de Contas da União).

Nos Estados Unidos, as ações da varejista Target despencaram 25%, a maior queda diária desde o crash de 1987, após a empresa afirmar que a alta de custos deve impactar seu lucro anual. A rede Walmart, cujas ações caíram 6,8% nesta quarta, também alegou motivos semelhantes para reduzir sua previsão de ganhos neste ano.

RECEIOS COM CRESCIMENTO GLOBAL E INFLAÇÃO PRESSIONAM MERCADOS GLOBAIS

Na visão de Camila Abdelmalack, economista na Veedha Investimentos, o mercado segue refém das notícias sobre a alta de juros nos Estados Unidos e o noticiário sobre a Covid-19 na China.

Preocupações sobre o crescimento econômico e o aumento da inflação azedam o humor, agravado pela disparada de 9% nos preços ao consumidor britânico e uma aceleração acima do esperado na alta de preços no Canadá.

A inflação britânica atingiu sua taxa anual mais elevada desde 1982, enquanto a inflação canadense subiu para 6,8% no mês passado. A inflação no Reino Unido é agora a mais alta entre as principais economias, mas os preços estão subindo rapidamente em todo o mundo, forçando bancos centrais a aumentar as taxas de juros apesar do potencial impacto sobre o crescimento, como sugerido por um declínio modesto na construção de casas nos Estados Unidos em abril.

Reflexo da maior cautela dos investidores nos últimos tempos, o saldo de tesouraria das administradoras de fundos internacionais subiu ao seu valor mais alto desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, segundo pesquisa do Bank of America.


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