Bitcoin supera US$ 100 mil pela primeira vez após Trump definir novo presidente da SEC
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O bitcoin superou nesta quinta-feira a barreira dos US$ 100 mil (R$ 604 mil) pela primeira vez em sua história, estimulado pela eleição de Donald Trump um grande incentivador do setor de criptomoedas como presidente dos Estados Unidos.
A moeda vem subindo desde outubro, quando algumas pesquisas eleitorais já apontavam um possível triunfo de Trump. No dia da eleição, há exatamente um mês, a moeda estava pouco acima de US$ 69 mil, mas passou a subir vertiginosamente e chegou a US$ 103.800,44 nesta manhã, uma valorização de quase 50% no período.
Além do efeito Trump, os investidores também se animaram com a escolha de Paul Atkins para chefiar a SEC, órgão que regula o mercado de valores mobiliários dos EUA e é semelhante à CVM no Brasil, em anúncio feito na quarta-feira (4).
Atkins é tido como um defensor da desregulamentação e agrada ao setor de criptomoedas, que era contrário a Gary Gensler, que ocupou o posto na gestão Joe Biden e anunciou sua renúncia.
"(Atkins) acredita na promessa de um mercado de capitais robusto e inovador, que responde às necessidades dos investidores", afirmou Trump em sua plataforma de redes sociais.
"Ele também reconhece que ativos digitais e outras inovações são fundamentais para fazer a América ainda maior do que antes", complementou o presidente eleito.
No ano passado, Atkins criticou publicamente os diretores da SEC pela falta de versatilidade diante das empresas do setor das criptomoedas e os acusou de afastar os empreendedores do mercado.
A reação do mercado ao anúncio foi valorizar mais o bitcoin, que ultrapassou a barreira dos US$ 100 mil, algo que parecia improvável no momento da criação da moeda, há 16 anos.
Depois de chamar as criptomoedas de fraude em seu primeiro mandato (2017-2021), Trump mudou de tom durante a campanha, financiada em parte por grupos do setor.
Agora ele promete que fará dos Estados Unidos "a capital mundial do bitcoin e das criptomoedas".
A valorização nestes 30 dias é de quase 50% e de mais de 130% desde o início de 2024.
CRIAÇÃO DE MINISTÉRIO
A nomeação de Atkins "empolgou a comunidade cripto, reforçando o otimismo dos investidores em um cenário regulatório mais complacente" e "uma abordagem indulgente em relação ao mercado, em pleno auge dos ativos digitais", afirma Stephen Innes, analista da SPI Asset Management.
O recente pedido de demissão do presidente da SEC, Gary Gensler, visto como inimigo do setor, já havia impulsionado o preço das moedas digitais.
Além disso, a informação de que Trump poderia criar um ministério de criptomoedas ou uma reserva estratégica de bitcoins nos Estados Unidos também alimentam o otimismo.
Muitas empresas relacionadas com as criptomoedas viram uma disparada de seus preços após as eleições dos EUA, como a fornecedora de serviços bitcoin MicroStrategy ou a plataforma de comercialização Coinbase.
O dogecoin, uma criptomoeda criada originalmente como uma piada e que Elon Musk promove desde 2019, também foi muito valorizada.
"Wow!", postou Musk em sua rede social X (antigo Twitter) após a notícia de que o bitcoin havia superado a marca de US$ 100 mil.
EXEMPLO DE EL SALVADOR
Em setembro de 2021, El Salvador se tornou o primeiro país do mundo a adotar o bitcoin como uma de suas moedas legais, mas a criptomoeda não convenceu a população.
O bitcoin nasceu em 2008 com o sonho de escapar do controle das instituições financeiras.
Para concretizar o objetivo, seu misterioso criador, conhecido apenas pelo pseudônimo de Satoshi Nakamoto, utilizou uma tecnologia, a 'blockchain', que registra as transações de forma descentralizada e infalsificável graças a uma rede de computadores espalhados por todo o mundo.
Embora a operação tenha sido um sucesso, o bitcoin, como as outras criptomoedas, esteve envolvido em vários escândalos financeiros. Também é acusado de ser utilizado para lavar dinheiro e ser a moeda preferida dos hackers.
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