Após superar os R$ 4,50, dólar reduz alta e fecha a R$ 4,477 pela 1ª vez
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A cotação do dólar segue pressionada pelo avanço do coronavírus fora da China. Nesta quinta-feira (27), a moeda fechou em alta de 0,58%, a R$ 4,477, novo recorde nominal (sem levar em conta a inflação). Na máxima da sessão, o dólar superou os R$ 4,50 pela primeira vez na história.
Dentre as principais moedas globais, o real teve o terceiro pior desempenho do pregão. No ano, a divisa brasileira tem a pior performance, com queda de 11,5% ante o dólar.
Nesta quinta, o Banco Central vendeu 20 mil contratos de swap cambial, que equivalem a US$ 1 bilhão. A operação aumenta a oferta da moeda no mercado, o que reduz a cotação. Porém, teve pouco efeito no pregão desta quinta.
No exterior, o viés também foi negativo, com aversão a risco gerada pelas incertezas quanto aos impactos econômicos do coronavírus. As principais Bolsas da Europa caíram mais de 3%. Nos Estados Unidos, Dow Jones e S&P 500 caíram 4,4% cada uma e Nasdaq, 4,6%.
O barril de petróleo Brent, referência internacional para a commodity, caiu 3% para US$ 51,81, o menor patamar desde dezembro de 2018.
No Brasil, a Bolsa brasileira fechou em queda de 2,59% -a quarta seguida- a 102.983 pontos, menor patamar desde 10 de outubro de 2019. Na quarta, o Ibovespa despencou 7%, refletindo as quedas do mercado financeiro durante o Carnaval.
Os bancos amenizaram a queda do índice. Banco do Brasil subiu 1,9%, a R$ 46,10 e Bradesco, 0,6%. O Itaú fechou estável.
O risco-país brasileiro medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos subiu 15,5% para os 126 pontos, maior patamar desde novembro.
Investidores temem o avanço do coronavírus fora da China. Nesta quinta, a o governo da Califórnia disse que monitora 8.400 pessoas com sintomas da doença e que 33 já testaram positivo.
Na Europa, o vírus também avança rápido. Nos últimos dias, a Itália passou a ser o terceiro país com maior número de infectados e mortes pelo covid-19. A maior parte dos casos se concentra na região mais industrializada do país, o que pode ter impactos econômicos relevantes para o crescimento global.
Na quarta (26), foi confirmado o primeiro caso do coronavírus no Brasil, de um homem que viajou à Itália.
Além da preocupação com efeitos da disseminação da doença, agentes financeiros temem o risco político como fator adicional para a fraqueza da Bolsa e alta do dólar, com o recente atrito entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso, após ele compartilhar vídeo que convoca a população a participar de manifestações contra os parlamentares.
"O temor é que possa haver algum impacto no calendário de aprovação das reformas", destacou a equipe da XP Investimentos.
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