Agenda ESG é positiva para o banco, diz CEO do Itaú
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na contramão da recente onda anti-woke, o Itaú Unibanco diz não abrir mão da agenda ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança).
"Não tomamos medidas e decisões por moda. Tomamos por convicção, independentemente da tendência. Temos convicção de que a agenda ESG é positiva para o banco", disse Milton Maluhy, CEO da instituição, nesta quinta-feira (6), ao comentar o lucro de R$ 41 bilhões do banco em 2024.
Segundo o executivo, a instituição continuará dedicada às agendas de transição climática e de diversidade e aprimorando sua governança.
Ao fim de 2024, dois episódios envolvendo a governança do banco ganharam o noticiário: a demissão do chefe de marketing da instituição por suposto mau uso do cartão corporativo, e a acusação de desvio contra o ex-CFO do banco, Alexsandro Broedel, que saiu do Itaú para ocupar uma vaga na matriz do Santander, na Espanha. Os executivos negam as acusações.
Segundo Maluhy, ambos os casos foram descobertos graças aos procedimentos de governança do banco.
No caso do ex-diretor financeiro, o banco acusa Broedel de embolsar parte de pagamentos a serviços contratados por ele para a instituição financeira por meio de uma sociedade com Eliseu Martins, reconhecido como um dos maiores contadores do país, que prestava serviços ao banco há anos.
"Na medida em que você vai subindo na organização, temos uma relação de confiança com o executivo, que tem que fazer declarações anuais, onde ele, de boa-fé, declara quais são suas relações de conflito, para que possamos endereçá-las. Esse é o primeiro problema, o executivo, na posição que tinha, não fazer as declarações de boa-fé no relatório, no formulário do compliance, já é um indício claro de má-fé", disse Maluhy.
O CEO também disse que, no Itaú, as regras são as mesmas para todos os níveis hierárquicos e lembrou do caso de um executivo que foi demitido por supostamente fraudar reembolsos do plano de saúde.
"Toda vez que há um evento que consideramos mais relevante, naturalmente, no dia seguinte, sentamos para olhar o que mais poderíamos ter feito para capturar mais tempestivamente eventos como esse. Então, melhorar e evoluir os processos faz parte do dia a dia da organização", disse Milton.
Com relação ao apoio à cultura, o executivo disse que os eventos da comemoração dos cem anos do Itaú, em 2024, como o show da Madonna em Copacabana e a leitura de Simone de Beauvoir por Fernanda Montenegro no Ibirapuera, foram pontuais e não devem se repetir.
"Uma celebração da altura do centenário talvez daqui a cem anos possamos vir a fazer outra melhor, maior, mais digital e mais sofisticada, e, quem sabe, em Marte", brincou Maluhy.
Nos moldes do show de Madonna, o Santander vai promover eventos gratuitos em Copacabana nos primeiros finais de semana de maio pelos próximos quatro anos. O primeiro será a apresentação da Lady Gaga.
"Madonna era garota-propaganda na campanha dos cem anos. Foi um evento único e emblemático", disse Maluhy.
Com relação a Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro de melhor atriz e candidata ao Oscar, o banco disse que continuará a apoia-la, assim como faz com sua mãe.
"Fernanda Torres faz parte da nossa agenda e passa a ser embaixadora da nossa marca e vai estar muito próxima ao banco, isso já muito antes de qualquer prêmio. A Fernanda Montenegro também, que é uma pessoa muito querida, muito próxima, com quem temos uma parceria. São boas embaixadoras da nossa marca e não são as únicas", disse Maluhy.

ASSUNTOS: Economia