Aída dos Santos foi 1ª brasileira em final olímpica no salto em altura
A atleta Aída Santos, a primeira mulher brasileira a disputar uma final olímpica e ficar em quarto lugar em salto em altura, na Olimpíada de Tóquio, em 1964, já eternizou seus pés no Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB) no ano de 2020.
Em cerimônia restrita na sede do COB, situado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Aída é a primeira mulher no hall da fama e se emocionou com a homenagem.
O presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira, fez a saudação à atleta. “Como mulher negra, e um dos maiores exemplos do Movimento Olímpico, Aída tem uma história que merece ser reverenciada, celebrada e honrada por todas suas lutas, conquistas e glórias”, afirmou ele, para destacar que com os resultados em Tóquio, Aída obteve o melhor resultado individual de uma atleta brasileira nos Jogos Olímpicos até Pequim 2008. “É, sem dúvidas, motivo de orgulho para todos nós”, disse.
A atleta disse que quando entrou para o atletismo nem sabia que tinham competições como Sul-americano e Jogos Olímpicos e que para esporte individual tinha que ter índice.
“Eu não estava com índice. Fui competir por acaso e fiz o resultado. Hoje, os atletas têm psicólogo, nutricionista. Eu viajava de avião da FAB. Melhorou o material humano, mas não os resultados”, contou ela, em entrevista publicada no site do COB.
Se pudesse dar um conselho aos atletas que vão participar dos Jogos em Tóquio, Aída seria enfática: “Já que estão em Tóquio é porque mereceram. Sejam perseverantes e pensem que são tão bons quantos os outros. Briguem pela medalha de ouro”.
REFERÊNCIA
Na solenidade, Aída dos Santos estava acompanhada da filha Valeska Menezes, a Valeskinha, campeã olímpica de vôlei em Pequim 2008, quando recebeu a homenagem do presidente Paulo Wanderley.
“Aída é uma referência. Hoje nós temos quatro atletas do atletismo no Hall da Fama e ela é a primeira mulher. Tem um simbolismo muito grande”, afirmou o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAT), Wlamir Leandro Motta Campos.
Em 2012, a CBAT instituiu uma medalha com o nome de Aída dos Santos, dada a atletas medalhistas em olimpíadas.
Sexta filha de um pedreiro e uma lavadeira, Aída Santos foi criada no Morro do Arroz, em Niterói (RJ). Começou a jogar vôlei, mas uma amiga a levou para praticar atletismo. Ao ganhar uma competição pelo Fluminense, chegou a apanhar do pai porque “medalha não enchia barriga”.
Faltava aos treinos no Vasco porque usava o dinheiro da passagem para comprar comida. Chegou a trabalhar como doméstica ainda criança, mas chegou à faculdade, indo às aulas de manhã, trabalhando à tarde e treinando à noite.
Formou-se em geografia, educação física e pedagogia. De 1975 a 1987, foi professora de educação física na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Mesmo tendo viajado para o Japão sem técnico e sem material de competição específico para sua prova, com muita dificuldade para compreender as instruções em japonês, se tornou a primeira mulher do Brasil a disputar uma final olímpica.
A marca de 1,74m alcançada por ela foi a melhor entre as brasileiras por mais de três décadas. Quatro anos mais tarde, nos Jogos da Cidade do México, Aída mostrou ser uma atleta completa e participou da prova de pentatlo, ficando na 20ª colocação.
Ao lado da filha, Vakeskinha, Aída conduziu a tocha olímpica da Rio 2016. Criou um instituto para promover a inclusão social por meio do vôlei e do atletismo, contando, ainda, com reforço escolar gratuito, apoio psicológico e serviço social.
Em 1995, a UFF inaugurou uma pista de atletismo com o nome dela. Em 2006, recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva no Prêmio Brasil Olímpico e, em 2009, foi contemplada com o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do COI.
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