Cruz Vermelha vai distribuir ajuda humanitária à Venezuela
A Cruz Vermelha deve começar a distribuir ajuda humanitária à Venezuela daqui a 15 dias, informou o presidente da Federação Internacional da Cruz Vermelha, Francesco Rocca, nesta sexta-feira (29) em Caracas. Segundo ele, a instituição terá "acesso livre" para ajudar cerca de 650 venezuelanos.
"Vamos intensificar as atividades de saúde pelo país de uma maneira desobstruída, independente, neutra e imparcial", escreveu Rocca no Twitter.
Em entrevista coletiva, Rocca ressaltou que não vai aceitar interferência política – a Venezuela vive impasse político entre o regime de Nicolás Maduro e o autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó. Isso porque a entrada de ajuda humanitária no país entrou no centro da disputa pelo poder entre os dois líderes.
Uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos enviou carregamentos de comida e remédios às fronteiras venezuelanas com Brasil e Colômbia. O regime chavista, porém, bloqueou a entrada dos caminhões e acusou o governo norte-americano de preparar um golpe para derrubar Maduro do poder.
Em 23 de fevereiro – dia marcado para a entrada da ajuda humanitária –, confrontos nas cidades fronteiriças com a Colômbia e o Brasil deixaram mortos e dezenas de feridos.
O impasse, então, agravou a crise humanitária na Venezuela. Relatório das Nações Unidas enviado na quinta-feira a Caracas aponta que 24% da população venezuelana necessita de ajuda. Cerca de 60% das pessoas vivem no país em situação de pobreza extrema.
Para tentar adiantar a entrada dos carregamentos, Rocca disse que está disposto a trabalhar com a ajuda humanitária retida nas fronteiras – desde que sob as regras da instituição. Setores ligados à Igreja Católica participam da articulação para permitir a chegada da carga.
Rocca expressou a disposição por parte da Cruz Vermelha de trabalhar com essa ajuda acumulada nas fronteiras da Colômbia e do Brasil com a Venezuela, mas sob as regras da instituição.
"Essa é uma questão muito politizada... Se essa ajuda estiver de acordo com nossas regras e nossos protocolos, é claro que estamos dispostos a distribuí-la", afirmou, segundo a agência France Presse.
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