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Cientistas descobrem vírus da hepatite B em múmia de 450 anos

Por Agência O Globo

05/01/2018 13h01 — em



HAMILTON, Ontário — Exames realizados na múmia de uma criança do século XVI pode ajudar no entendimento de uma doença que mata quase um milhão de pessoas todos os anos. Pesquisadores da Universidade McMaster, em Ontário, no Canadá, conseguiram extrair e sequenciar amostras do vírus da hepatite B dos restos mumificados encontrados na Basílica de São Domingos Maior, em Nápoles, na Itália. A descoberta confirma a tese de que a doença existe em humanos há vários séculos e conta uma nova história para a múmia.

— Esses dados enfatizam a importâncias de abordagens moleculares para ajudar na identificação da presença de patógenos importantes no passado, permitindo que nós estimar quando eles começaram a infectar humanos — avaliou Hendrik Poinar, geneticista da McMaster e autor principal do estudo publicado nesta semana na revista “PLOS Pathogens”.

Análises anteriores, realizadas sem as modernas técnicas de DNA, indicavam que a criança havia sido vítima de varíola. De fato, esta múmia era a mais antiga evidência da presença do vírus varíola na Europa medieval. Contudo, os novos exames confirmaram a presença do vírus da hepatite B. A doença que afeta o fígado pode desencadear erupções na pele, conhecidas como síndrome de Gianotti Crosti. Essas marcas devem ter sido confundidas com as deixadas pela varíola.

O que chamou a atenção dos pesquisadores é que a amostra do vírus de 450 anos é praticamente idêntico ao vírus atual, característica incomum nos vírus, que normalmente evoluem muito rapidamente. E apesar de os cientistas terem encontrado relações entre a cepa antiga e a moderna, nenhuma das duas possuem uma estrutura temporal, que poderia servir para a medição do ritmo da evolução.

Estimativas indicam que existem mais de 350 milhões de pessoas vivendo hoje com infecções crônicas de hepatite B, e cerca de um terço da população global já teve algum contato com o vírus em algum momento da vida.

— Quanto mais nós entendermos sobre o comportamento de pandemias e epidemias do passado, maior será nosso entendimento de como os patógenos modernos atuam e se espalham, e estas informações podem ajudar no controle — pontuou Poinar.


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