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Brasileiros relatam drama de fuga das chamas na Califórnia

Por Portal Do Holanda

13/11/2018 6h22 — em
Mundo



RIO — Desde 1999 nos EUA, há seis meses o fotógrafo paulista Rodrigo Fracascio conseguiu comprar a sua primeira casa própria, uma construção pré-fabricada de dois andares em Agoura Hills, a uma hora de Los Angeles. Ali, vivia com a mulher, os dois filhos, os sogros e os dois cachorros até a madrugada de sexta-feira quando, acossados pelas chamas, precisaram deixar a área às pressas. 

Eles fazem parte de um contingente de centenas de milhares de moradores obrigados a fugir por uma série de incêndios florestais que devastam o estado, já mataram 42 pessoas e podem piorar nos próximos dias, com a ocorrência de fortes ventos de até 100km/h.

—Fomos pegos desprevenidos. Você mora nos EUA e pensa que o controle será rápido, mas ninguém está preparado — diz Rodrigo, que, junto com a família, deixou a casa às 5h30m, levando só a roupa do corpo, em dois carros. — Quando você passa perto da morte, fica meio perdido. Não achávamos que nossa casa fosse queimar.

A família ainda não pôde voltar à região, mas, por fotos encontradas na internet tiradas de helicópteros, concluiu que ao menos o segundo andar se perdeu para o fogo. Agora, se comprime no quarto de hóspedes do cunhado de Rodrigo, em Los Angeles, enquanto aguarda instruções do seguro sobre como proceder.

A tragédia no estado acentua a mais destruidora temporada de incêndios já registrada na Califórnia. Até ontem, a área total destruída em 2018 era calculada em 6.750 km², espaço equivalente ao da região metropolitana do Rio de Janeiro. No Norte do estado, o número de mortos do incêndio Camp chegou a 29, igualando-se ao mais mortífero incêndio registrado no estado — o de Griffith Park, em Los Angeles, em 1933. É esperado que o recorde seja superado nos próximos dias, se considerado que há ao menos 228 desaparecidos do Camp, que destruiu mais de 6.700 imóveis.

No Sul do estado, o incêndio Woolsey, que até aqui deixou dois mortos, obrigou as autoridades a emitirem ordens de retirada para 250 mil pessoas dos condados de Ventura, Los Angeles e de comunidades litorâneas, como Malibu. Celebridades como Miley Cyrus e Gerard Butler tiveram a casa destruída, e outras como Lady Gaga e Kim Kardashian precisaram deixar as mansões.

Ventos intensos e secos devem atiçar as labaredas nos próximos dias, aumentando o risco de novos focos de incêndio pela dispersão das brasas. Rajadas de até 100 quilômetros são esperadas nas montanhas, vales e cânions do Sul californiano, o que aumenta a possibilidade de queda de linhas de energia e árvores. Isso, combinado à baixa umidade, deve criar as condições perfeitas para os incêndios se alastrarem.

No Sul, o Woolsey devorou zonas de Thousand Oaks, comunidade que ainda lida com o trauma do assassinato de 12 pessoas num bar de música country, depois que um veterano abriu fogo na última quarta-feira. Dentre os que precisaram fugir às pressas estavam Thaymara Rodrigues, o marido e o filho de 3 anos. Às 15h de quinta-feira, com rodovias ainda fechadas por causa do atirador, Thaymara começou a enxergar fumaça, sem saber ao certo de onde vinha. Uma hora mais tarde, recebeu uma ligação para buscar o marido, pois Calabasas, onde ele trabalha, deveria ser esvaziada. Horas depois, foi a vez da própria cidade onde vivem.

—Tentamos dormir, mas acordamos com notificações de emergência no telefone sobre áreas próximas evacuadas — diz Thaymara. — Desde as 2h da madrugada, nossos vizinhos deixaram o condomínio. Eles disparavam o alarme do carro e buzinavam para acordar os outros. Meu marido disse para aguardarmos o alerta oficial. Às 3h da manhã, ele finalmente veio.

Após refugiar-se numa escola designada para servir como abrigo, a família passou três noites num hotel. Ontem, finalmente voltaram para casa, que estava coberta por fuligem e cinzas, mas com a estrutura intacta.

Autoridades calculam que 20% do incêndio Woolsey foram contidos e dizem ter evitado a destruição de mais de 57 mil imóveis na região. Já o Camp teve 25% de sua área controlados.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: brasileiros, Califórnia, incêndio, Mundo

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