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Uso de rede social não ajuda a conquistar novos eleitores

Por Agência O Globo

28/09/2016 3h52 — em
Brasil



RIO — Com menos dinheiro e um tempo mais curto de campanha, os candidatos a prefeito passaram a apostar em mobilização nas redes sociais. Fotos, vídeos e convites para eventos são publicados ali para despertar a atenção dos seguidores na tentativa de ampliar conexões e apoio.

A estratégia, porém, tem imperfeições. A principal delas é a tendência à formação de bolhas, ou seja, mensagens que circulam quase sempre entre os próprios eleitores do candidato. É importante porque mantém o público ativo, mas limitada porque avança pouco além dos limites da rede já consolidada do político.

O Núcleo de Dados do GLOBO analisou dados das páginas do Facebook dos oito principais candidatos a prefeito do Rio e produziu um gráfico de rede. Esse tipo análise tem sido usada para entender o comportamento dos usuários porque permite visualizar a distribuição das interações, sua intensidade e identificar as pessoas mais ativas no mundo virtual.

A partir dos 20 últimos posts publicados pelos candidatos até segunda-feira, chega-se a um volume de mais de 194 mil interações (curtidas e comentários). É possível dizer que Flávio Bolsonaro (PSC) e Marcelo Crivella (PRB) têm hoje as redes mais ativas no Facebook. Eles ocupam quase 60% das interações, o que significa que suas publicações tiveram maior poder de gerar engajamento dos eleitores.

Em terceiro lugar vem Marcelo Freixo (PSOL), seguido de Alessandro Molon (Rede). Índio da Costa (PSD) e Jandira Feghali (PCdoB) têm presença na mesma proporção. As redes menos ativas são as de Pedro Paulo (PMDB) e Carlos Osorio (PSDB).

No gráfico, quanto mais intensa as interações dos seguidores com as publicações, maior a dimensão da rede do candidato. Os fios representam seguidores que interagiram com as páginas.

Além da distribuição da rede, o gráfico demonstra como as interações acontecem muito mais entre os próprios seguidores dos candidatos. Há raríssimas relações de eleitores que saem de uma rede para comentar ou curtir a publicação de um segundo candidato. Nos casos em que isso ocorreu, há uma grande chance de que o movimento dos eleitores tenha sido para criticar as mensagens dos demais candidatos.

Outro dado que chama a atenção no gráfico de rede é a intensa relação entre seguidores de Freixo, Jandira e Molon, identificados como da esquerda. Esse grupo tem discutido bastante nos últimos dias a possibilidade de os candidatos se unirem ainda no primeiro turno para ampliar as chances de um deles chegar à segunda etapa da disputa. Há tantos seguidores comentando ou curtindo as páginas que as redes quase se confundem.

Especialista no estudo de redes sociais no Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (Ibpad), Max Stabile explica que o software usado na análise tende a agrupar as redes mais próximas e a distanciar aquelas que tiveram menor interação entre si:

— A rede mostra o forte padrão de interação dos candidatos de esquerda: Jandira, Molon e Freixo; e um segundo grupo mais próximo, representado por Índio da Costa. No centro, os candidatos mais populares, Crivella e Flávio Bolsonaro que, provavelmente, alimentam polêmicas em torno de todos os usuários. Osorio está mais afastado da rede de interações, assim como Pedro Paulo, provavelmente porque têm o público interativo mais diverso dos demais.

Os posts com mais engajamento na página de Flávio Bolsonaro mostram que ele tende a falar sobre temas polêmicos. Crivella tem apostado mais nas mensagens motivacionais. Juntos numa rede bastante densa, Freixo, Jandira e Molon enfatizam mensagens sobre agendas de campanha, desempenho em debates e textos em que afirmam que estão no páreo. A publicação de Freixo com maior número interações é um vídeo postado logo após o debate da Record, no domingo. Mesmo caso de Jandira, que também conseguiu muitas interações com uma foto sobre sua participação no debate.


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