São Paulo enfrenta o quarto dia consecutivo de apagão após vendaval histórico na última quarta-feira, deixando cerca de 519 mil imóveis sem energia até esta sexta-feira. Moradores relatam prejuízos com alimentos perecíveis, ceias de Natal estragadas e dificuldades em manter tratamentos médicos que dependem de eletricidade. Diante da situação, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado moveram uma ação judicial exigindo que a concessionária Enel normalize o fornecimento “imediatamente”, sob pena de multa de R$ 200 mil por hora.

O vendaval deixou inicialmente 2,2 milhões de imóveis sem energia, gerando impactos em trânsito, abastecimento de água e operações aeroportuárias. Apesar de o ciclone extratropical já ter se afastado, novas chuvas agravam o quadro, causando quedas de energia em áreas previamente restabelecidas. A Enel atribui o apagão a danos severos na infraestrutura elétrica provocados pelo evento climático, mas ainda não divulgou prazos para restabelecimento total do serviço.

A ação civil pública movida pelo promotor Denilson de Souza Freitas exige que a Enel religue a energia em todas as unidades afetadas em até quatro horas após decisão judicial e forneça estimativas claras sobre o retorno do serviço. O prefeito Ricardo Nunes criticou a concessionária por suposta disparidade entre o número de equipes anunciadas e efetivamente em operação, reforçando a necessidade de intervenção e sugerindo até a caducidade do contrato da empresa com o município.

Enquanto a situação não se resolve, moradores relatam dramas pessoais e perdas financeiras. Pacientes renais, idosos acamados e famílias com alimentos armazenados em congeladores permanecem sem luz, enfrentando dificuldades diárias. Entre eles, crianças que dependem de equipamentos médicos essenciais precisaram deslocar-se para hospitais, e famílias relatam a destruição de ceias de Natal e refeições pagas com antecedência. A falta de atendimento humano pela concessionária também tem agravado a frustração e o desespero da população.