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Procura-se um vereador que me represente

Por Agência O Globo

30/09/2016 4h00 — em
Brasil



Durante os protestos de 2013, era comum ver cartazes, com letras garrafais: “Não me representa!” Fosse pelo valor das tarifas de ônibus ou pela insatisfação com os governantes e parlamentares, brasileiros usaram a expressão ao ocupar as principais ruas e avenidas de centenas de cidades pelo país para demonstrar contrariedade com a situação social e o contexto político brasileiro. Fruto desse descontentamento, uma parcela de jovens de coletivos e ONGs que lutam pelos direitos humanos decidiu atuar para transformar o cenário, principalmente no poder Legislativo. A principal ferramenta para isso: a internet.

Com mais de 30 mil curtidas no Facebook, a página #VoteLGBT é uma das que fomenta a ideia. Evorah Cardoso, uma das das coordenadoras, conta que o projeto surgiu durante as eleições de 2014 para mapear candidatos que advogassem em favor da causa.

— Muitas pessoas desacreditadas da política dão uma resposta: “Não! Não vou votar!” Mas também tem aqueles que acreditam: “Vou votar, escolher melhor, me envolver.” E Isso é um movimento de reapropriação da política — ressalta Evorah.

A paulista Barbara Aires, de 25 anos, é uma mulher transexual. Atriz e consultora de gênero, teve dificuldade de ingressar no mercado de trabalho formal quando chegou ao Rio, em 2006. Em 2010, conheceu o trabalho da atual candidata a vereadora Indianara Siqueira (PSOL), que milita pela causa transexual.

— É importante para mostrar que a comunidade trans pode estar em todo e qualquer lugar. É uma quebra de paradigma. A sociedade empurra a gente para a margem, e queremos provar que a sociedade não está certa — enfatiza Indianara.

Assim como o #VoteLGBT, outros coletivos e ONGs estavam à procura de ações propositivas para disseminar candidaturas de minorias. Da união de alguns deles — como a Rede Nossas Cidades, o movimento #AgoraÉQueSãoElas e o próprio #VoteLGBT — nasceu o site Me representa, lançado oficialmente no último dia 20 de setembro para eleitores, mas desde o dia 8 recebendo cadastros de candidatos. Por meio de um teste simples, ele ajuda os indecisos a encontrar candidatos a vereador com os quais mais se identifique.

Como o #VoteLGBT e o Me representa, outras páginas buscam orientar eleitores para o pleito deste domingo. O site Bancada Ativista conta com uma equipe de cerca de 60 pessoas que atuam de forma voluntária. A página surgiu em maio deste ano e busca inspiração em exemplos estrangeiros, como En Común, da Espanha, o Wikipolitica, do México, e o Partido de la Red, da Argentina. Eles ajudam a dar visibilidade a candidatos que nunca foram eleitos e se encaixam nos ideais progressistas.

“A representação é o pilar do modelo de democracia que temos no Brasil. Mas essa representação tradicionalmente é feita por quem tem meios para ser eleito, e isso replica as desigualdades vistas na sociedade”, afirmaram, em carta conjunta, os membros do coletivo.

Aos 18 anos, Lara Carvalho é uma das editoras da Vote numa feminista. Ao lado de Sharon Callefi, criadora da página no Facebook, posta, diariamente, opções de candidaturas a vereador.

— Se há necessidade de representatividade de minorias, a internet surge como ferramenta para conscientizar politicamente e divulgar, além de candidatas e candidatos, sistemas de governo, legislações — conclui Lara


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