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Prefeitos bem avaliados por eleitores driblam crise e surfam na campanha

Por Agência O Globo

26/09/2016 3h52 — em
Brasil



RIO — O que há em comum entre os prefeitos de Boa Vista, Salvador, Rio Branco, João Pessoa e Teresina, além de serem candidatos à reeleição em capitais do Norte e Nordeste? Nesta campanha, o grupo suprapartidário tem se mantido, pesquisa após pesquisa, entre os mais bem avaliados pelo eleitor. Seus índices de aprovação variam de 72% a 48%, segundo a última sondagem do Ibope — um feito e tanto na terra arrasada que a política e a economia brasileira atravessam nos dois últimos anos. Se não houver graves acidentes de percurso, para eles a reeleição estará garantida em 2 de outubro.

Como conseguiram isso? Eis a grande questão.

— Não perguntamos o porquê da aprovação, mas é óbvio que, nestas cidades, as pessoas estão vivenciando benefícios concretos — afirma a CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, para acrescentar: — Com a exposição da propaganda eleitoral, alguns destes candidatos tiveram resultados ainda melhores.

É o caso do prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), hoje expoente maior do Carlismo. No ranking dos mais populares, ele estava em segundo lugar e empatou em primeiro, com Teresa Surita (PMDB), prefeita de Boa Vista — ambos têm 72% de avaliação ótima e boa e apenas 4% de ruim e péssima.

Longe de resolver todos os problemas — mesmo porque são capitais com até 60% de índice de pobreza, fora do chamado Sul Maravilha —, esses gestores adotaram medidas, coincidentes nos cinco municípios, que fizeram a diferença. A primeira delas se chama ajuste fiscal: buscaram aumentar a arrecadação (sem criar novos impostos) e enxugar despesas. Assim, sobrou dinheiro, mesmo em tempos de crise, para investir em demandas sociais, modernizar serviços públicos e, de quebra, embelezar cartões-postais — algo que parece mexer com a autoestima dos moradores.

O segundo fator é conhecer a cidade, graças não só a mandatos anteriores, em muitos casos por forte tradição política, mas por ações cotidianas. Os cinco prefeitos e seus secretários costumam passar mais tempo na rua do que no gabinete. Por fim, apesar de o grupo ser alvo de denúncias, que crescem em período eleitoral, não estar envolvido na Lava-Jato também ajuda a não ser campeão de rejeição.

— A primeira coisa que fiz foi equilibrar as contas. E quase tudo que aplicamos veio de recursos próprios. Dilma segurou meus financiamentos; agora é que vou assinar o primeiro, com a Caixa Econômica Federal, de R$ 408 milhões para um sistema de ônibus BRT — reclama ACM Neto, que teve a ex-presidente e tem o governo estadual petista como opositores.

Primeira no ranking há tempos, Teresa Surita (ex-senhora Romero Jucá, de quem se separou em 2008) caminha a passos largos para o quinto mandato.

— Temos um planejamento muito seguro para não ter atrasos de salários, nem de fornecedores. Continuamos cortando despesa porque a crise está aí — afirma ela, arrematando: — As coisas mudaram: ou você responde as cobranças da população com eficiência, ou está acabado como político.

O discurso da austeridade também está na boca do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, ex- PT, hoje no PSD, que implantou o sistema de gestão por resultados. Em Teresina, Firmino Filho (PSDB) diz ter realizado bons projetos graças à contenção de gastos. Como precisam arrumar dinheiro sem recorrer ao impopular aumento de impostos, os prefeitos inovam: em Rio Branco, Marcus Alexandre (PT), por exemplo, conseguiu elevar em um terço a arrecadação do IPTU colocando uma van que roda os bairros da capital acriana, que emitia boletos e recebia pagamentos na hora.

Rodar as localidades, aliás, é o que estes prefeitos mais fazem. O petista Alexandre divulgou ter feito 580 visitas no primeiro ano.

— Minha rotina é quatro dias na rua e só um na prefeitura — reforça ACM Neto. — Na campanha, quando peço voto, já fui no lugar 20, 30 vezes antes. Faz toda a diferença.

Teresa diz que não só ela, mas os secretários são reconhecidos:

— No gabinete, a cidade é de papel. Saio com a equipe, fiscalizo a obra, ouço as pessoas e despacho na rua. Trabalho muito por WhatsApp — conta.

A proximidade com os eleitores é destacada por Cartaxo, quatro vezes vereador em João Pessoa. E Firmino Filho resume:

— Cuidar da cidade: esse é o feijão com arroz.


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