PF encontra plano ligado ao 7 de setembro em celular de auxiliar de Braga Netto

A Polícia Federal encontrou documentos em PowerPoint no celular do coronel Flávio Peregrino, auxiliar do general da reserva Braga Netto, que apontam para a elaboração de uma estratégia de pressão institucional articulada pelo governo Bolsonaro no 7 de Setembro de 2021. As mensagens, interceptadas durante uma operação da PF em novembro de 2024, também estavam no celular do próprio ex-ministro da Defesa. Segundo relatório da corporação, os arquivos revelam a visão do governo sobre o feriado como um "ponto de decisão e de inflexão".
Em um dos slides, o Ministério da Defesa projetava uma “guerra de narrativas” envolvendo a participação das Forças Armadas nas manifestações. Enquanto os canais bolsonaristas divulgariam a ideia de apoio militar à “segunda independência” do povo, a grande mídia seria usada para mostrar o evento como uma celebração pacífica. Outro documento descreve três cenários pós-manifestações, incluindo o uso da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), em caso de convulsão social.
O relatório da PF menciona o risco real de confronto entre PMs e militares, além de distúrbios em Brasília, São Paulo e Rio. Os investigadores destacam que o uso da GLO por outros Poderes chegou a ser cogitado, citando uma reportagem segundo a qual o então presidente do STF, Luiz Fux, considerava solicitar o mecanismo caso houvesse ameaças ao prédio da Corte.
As mensagens também revelam conversas entre Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, em que o general demonstrava frustração com a trégua articulada por Bolsonaro após os atos, com mediação de Michel Temer. Em uma troca de mensagens, Braga afirma que “podemos virar a mesa” e que os comandantes estavam cientes da situação. Para a PF, o conteúdo demonstra os bastidores das tentativas de pressionar os demais Poderes.
Além das mensagens relacionadas ao 7 de Setembro, há registros de agosto de 2021 em que Braga Netto envia a Cid uma imagem do golpe militar de 1964 e a chama de "histórica", sugerindo que ela fosse mostrada a Bolsonaro. A PF conclui que o general foi peça central nas ações para desacreditar as urnas e avalia que as comunicações reforçam a existência de uma estratégia deliberada de ruptura institucional.
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