Pará lidera relatos de aparição de óvnis à Aeronáutica
Desde 1952, os militares brasileiros registraram 934 relatos de aparições de óvnis, um esforço que atravessa sete décadas e que resultou na criação de um acervo único guardado atualmente no Arquivo Nacional. Esse levantamento, realizado pela reportagem da Folha de S.Paulo, baseou-se em documentos da Aeronáutica, incluindo resumos antes classificados como secretos pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro, fichas manuscritas e a utilização de ferramentas de inteligência artificial para análise e tabulação dos dados.
Os registros mostram que o Pará lidera o número de avistamentos, com 140 casos, representando 16% do total. Em seguida aparecem o Paraná, com 128 ocorrências, e São Paulo, com 126. Esses relatos ganharam relevância histórica ao longo do tempo, com episódios que marcaram a trajetória da pesquisa sobre óvnis no Brasil, como a Operação Prato, em 1977.
Naquele ano, o Pará concentrou 82 dos 85 registros nacionais, em meio a um clima de pavor entre as populações ribeirinhas que relatavam luzes misteriosas e ataques atribuídos a possíveis seres extraterrestres. Os relatos mencionavam corpos luminosos que emitiriam raios, deixando vítimas com sintomas como paralisia e tremores. A Aeronáutica chegou a destacar uma equipe do 1º Comando Aéreo Regional para investigar os acontecimentos na cidade de Colares, onde os casos mais graves foram registrados.
Outro marco relevante aconteceu em 1986, quando, na noite de 19 de maio, pelo menos 21 óvnis foram avistados simultaneamente em quatro estados. A Força Aérea mobilizou caças para interceptar os objetos, que exibiam comportamentos considerados extraordinários. Os relatos dos pilotos descrevem mudanças abruptas de velocidade, variações de altitude e a capacidade de voar em formação, além de serem detectados por radares e observados a olho nu. Um relatório oficial da época concluiu que os fenômenos demonstravam características sólidas e algum tipo de inteligência, mas não apontou uma explicação definitiva.
A preservação desses registros foi alvo de políticas implementadas pelo Ministério da Aeronáutica, que, a partir de 1978, determinou a organização cronológica dos documentos, garantindo sua centralização no Núcleo do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro. Esse esforço resultou na formação de um acervo que hoje pode ser acessado para consulta, permitindo a continuidade das investigações e alimentando o fascínio de pesquisadores e entusiastas do tema. A coleção inclui, ainda, registros mais recentes, como os casos ocorridos durante os anos de pandemia, entre 2020 e 2023, que representam 11% do total histórico.
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