Marina Silva alerta para "preços inaceitáveis" na hospedagem da COP30
A menos de três meses da COP30, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que a realização da conferência em Belém representa um “desafio logístico enorme”, mas disse acreditar que o evento será marcado por avanços nas negociações climáticas. Em entrevista, ela avaliou temas como os altos preços de hospedagem, a meta global de financiamento para a transição energética e o impasse sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas. A ministra também comentou a negociação com o Congresso sobre os vetos ao projeto de lei do licenciamento ambiental.
Marina reconheceu que a capital paraense tem leitos suficientes para receber os participantes, mas apontou que os preços cobrados — em alguns casos até dez vezes superiores ao normal — são "inaceitáveis". Para ela, a tarifa de US$ 600 por pessoa nos navios de cruzeiro, que terão subsídio do governo, está dentro da média de outras conferências climáticas. Segundo a ministra, a alta dos valores não comprometerá o resultado da COP, cujo objetivo é definir um novo patamar de recursos: US$ 1,3 trilhão anuais até 2035 para financiar a transição energética global.
Ao falar sobre o licenciamento ambiental, Marina defendeu que os vetos do governo ao texto aprovado pelo Congresso foram “estratégicos” para preservar a integridade do processo e os direitos de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Ela afirmou que “todo retrocesso foi vetado” e que a proposta enviada pelo Executivo é a única aposta. A ministra alertou que derrubar os vetos poderia gerar insegurança jurídica e prejudicar acordos internacionais, como o firmado entre União Europeia e Mercosul.
Sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, Marina disse que o país deve buscar um “caminho do meio”, respeitando o plano de transição energética, mas reconheceu que a decisão final ainda depende do licenciamento conduzido pelo Ibama. Ela destacou que países ricos devem liderar a redução da dependência de combustíveis fósseis, enquanto nações em desenvolvimento seguem em um segundo momento, ressaltando a contribuição do Brasil por sua matriz energética majoritariamente limpa.
A ministra também respondeu a ataques pessoais que tem recebido, afirmando que a "melhor resposta" veio da sociedade, com manifestações de apoio e solidariedade. Marina destacou que sua trajetória de vida, marcada por trabalho desde a infância, reforça seu compromisso com as pautas ambientais e sociais. “Nós somos eleitos para representar as pessoas, não para substituí-las”, disse, reafirmando que a COP30 deve manter o foco em metas ambiciosas para enfrentar a emergência climática.
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