Jovem morto por leoa entrou na jaula para "ver de perto", diz Polícia Civil
A Polícia Civil da Paraíba investiga as circunstâncias da morte de Gerson de Melo Machado, conhecido como Vaqueirinho, de 19 anos, que invadiu o recinto de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, neste domingo (1º). Segundo a delegada Josenise de Andrade, responsável pelo caso, o jovem teria escalado um muro de seis metros e se aproximado do animal após afirmar que queria “ver a leoa mais de perto”. Ele morreu no local após ser atacado. A polícia trata o caso, preliminarmente, como uma fatalidade.
De acordo com a investigação, Vaqueirinho tinha histórico de transtornos mentais e já era acompanhado por órgãos de assistência social. Testemunhas relataram que o jovem demonstrava fascínio por felinos e já havia dito que sonhava em ir para a África para “cuidar de leões”. No dia do ataque, vídeos registraram o momento em que ele ignora alertas de visitantes e funcionários para não entrar na área restrita.
A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o jovem por oito anos, afirmou que Vaqueirinho vivia em situação de vulnerabilidade e não recebia o tratamento adequado. Segundo ela, o rapaz era filho e neto de familiares com histórico de esquizofrenia e apresentava sinais claros de transtorno psiquiátrico. Ela criticou a ausência de políticas públicas efetivas e disse que o caso expõe falhas no atendimento a pessoas com sofrimento mental.
O diretor do Presídio do Róger, Edmilson Alves, o Selva, também comentou o episódio. Ele afirmou que Vaqueirinho havia sido detido recentemente e que a Justiça determinou sua transferência para um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), de onde ele fugiu. O diretor disse que já alertava para o risco de algo grave acontecer, descrevendo o jovem como “institucionalizado” e incapaz de permanecer sozinho nas ruas sem acompanhamento intensivo.
A administração do Parque da Bica informou que o recinto da leoa segue todas as normas de segurança, com barreiras que somam mais de oito metros de altura. O zoológico descartou qualquer possibilidade de sacrificar o animal, chamado Leona, que está sob monitoramento por ter passado por intenso estresse. O parque foi fechado temporariamente e só deve reabrir após as investigações e avaliações técnicas.
A Secretaria de Meio Ambiente e o Conselho Regional de Medicina Veterinária anunciaram a abertura de uma análise das estruturas e protocolos de segurança do zoológico. Em nota, a prefeitura de João Pessoa afirmou que o episódio foi imprevisível e destacou que equipes de segurança tentaram impedir a invasão. As apurações continuam, e o caso será encaminhado à delegacia responsável após a conclusão dos laudos periciais.
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